Entre um ano e outro, o aumento na intenção de compras foi de 29 pontos percentuais
Pesquisa da empresa de inteligência analítica Boa Vista, feita com cerca de 500 entrevistados em todo o Brasil, constatou que 80% dos consumidores têm o hábito de comprar em ao menos uma das datas comemorativas do varejo, sendo que 37% consomem na maioria das datas. Para a Páscoa, 63% pretendem fazer compras (eram 34% em 2022). Na comparação ano contra ano, houve um aumento de 29 pontos percentuais entre os consumidores que tinham a intenção de ir às compras em 2022 e os que pretendem ir às compras na Páscoa deste ano. Os que não farão compras na data somam 37%.
A Boa Vista também perguntou qual a expectativa dos consumidores recorrerem a linhas de crédito para ampliar o consumo na Páscoa, 52% não o farão e outros 25% responderam que, provavelmente, não o fariam isso. Os demais, 23% farão e, entre esse grupo 25% farão com intuito de pagar dívidas já existentes e outros compromissos financeiros, além das contas de supermercado.
“O aumento na parcela de consumidores que vão as compras se deve, provavelmente, à melhora observada nos números do mercado de trabalho ao longo do último ano, já que a taxa de desemprego caiu e a renda melhorou. É também provável que os consumidores que pretendem recorrer ao crédito na data pertençam ao grupo daqueles que não estão pensando em ir às compras nesta Páscoa, mesmo que tivessem esse hábito. Boa parte deles estão pensando em pagar outras contas com estes recursos. Essa melhora nos números de emprego pode não ter chegado a esta parcela de consumidores, que consequentemente sentem mais de perto o impacto da inflação e juros altos e acabam priorizando não só o pagamento de outras contas, como também a compra de produtos de maior necessidade”, analisa Flávio Calife, economista da Boa Vista.
Mesmo diante deste cenário, de intenção de compra, mas ao mesmo tempo de preocupação, a principal pretensão de compra nesta Páscoa é de chocolates (50%), seguida por alimentos e bebidas (26%), móveis e eletrodomésticos (5%) e lazer e turismo (5%). O principal motor de decisão do que consumidor no período, segundo a pesquisa, está pautado em preços (38%), seguido por qualidade (30%).
“Mesmo para os consumidores que vão às compras, a cautela deve prevalecer, tanto que o preço dos produtos deverá ser o principal critério de decisão. A necessidade ou a utilidade dos produtos típicos na data perdeu considerável relevância de um ano para o outro e isso pode sinalizar uma mudança de hábitos importante dos consumidores, que se mostram agora mais preocupados com outras questões que não envolvem somente o consumo de produtos, mas saber mais a respeito de quem o produz e de como o faz”, explica Calife.
Loja física ou e-commerce?
A maior parte das compras nesta Páscoa deve acontecer em supermercados e/ou hipermercados com 45% das intenções, seguida por lojas de shopping (20%), grandes varejistas (15%) e lojas de rua / bairro (10%).
Poder escolher e comparar produtos é um dos benefícios apontados por aqueles que pretendem comprar online, ou mesmo já possuem o hábito, independentemente das compras para a Páscoa. Pensando no e-commerce em geral, neste ano de 2023, os consumidores demonstram maior cautela, com metade deles apostando no aumento dos gastos e outros 50% no controle ou mesmo diminuição dos gastos no canal on-line.
Vai pagar como?
Em 2023 houve aumento de 8p.p. na pretensão de pagamentos à vista. Dentre as opções de pagamento, o PIX tem 25% das intenções, precedido apenas pelo cartão de débito (34%) e cartão de crédito com parcela única (29%). Já os consumidores que pretendem pagar parcelado as compras dessa Páscoa, 76% dizem que utilizarão o cartão de crédito. 16% que farão uso do PIX parcelado e/ou do BNPL, conhecido como “compre agora e pague depois”.
Não compro
Entre os motivos de não ir às compras nesta Páscoa, os consumidores citam o aumento dos gastos com o orçamento doméstico e o comprometimento com outras contas da casa. 22% alegam estar endividados (eram 12% em 2022), 20% afirmam não gastar dinheiro neste período (eram 17% em 2022) e 20% que priorizam outras despesas (eram 33%). O desemprego também pesou nesta decisão, passando de 4% em 2022 para atuais 9%.
Fonte: Liliana Liberato