Quinto presidente praticamente seguido da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a se envolver em polêmicas e disputas jurídicas e políticas, Ednaldo Rodrigues, foi destituído do cargo um dia após a final do Campeonato Brasileiro do ano passado. Isso aconteceu a partir de uma decisão judicial que considerou como ilegítima as eleições que o possibilitaram chegar à presidência da entidade.
Na sequência do afastamento, a FIFA e a Conmebol não reconheceram a destituição de Ednaldo Rodrigues e ameaçaram excluir times e seleções brasileiras de competições internacionais. Depois de uma intensa batalha judicial que envolve ações do Ministério Público do Rio de Janeiro e Tribunal de Justiça do Estado e, principalmente, os grupos políticos interessados na cadeira do presidente, o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF).
No julgamento do tema que envolve a permanência de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF, o ministro Gilmar Mendes votou na última quarta-feira, 09 de outubro, a favor do dirigente e defendeu os termos da decisão liminar dada por ele mesmo, em janeiro deste ano e que está em vigor atualmente. Na sequência, o ministro Flavio Dino pediu vistas, adiou o resultado e, com isso, não é possível prever quando o assunto voltará ao Plenário do STF.
O mandato de Ednaldo Rodrigues, que começou em março de 2022, vai até março de 2026, mas as eleições para presidente e vices da CBF podem ser convocadas a qualquer momento no último ano de mandato, a partir de março de 2025.
Longa história de irregularidades na CBF
A CBF nasceu em 1979, após o fim da Confederação Brasileira de Desportes (CBD), por absoluta pressão do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da própria FIFA para que existisse uma federação que organizasse exclusivamente o futebol e fosse dissociada dos esportes olímpicos.
Desde então, entre escândalos, condenações e afastamentos, o posto mais alto da CBF sempre foi alvo de grandes disputas políticas por poder e influência no futebol brasileiro. Último mandatário antes de Ednaldo Rodrigues, Rogério Caboclo (2019-2021) foi afastado definitivamente de suas atividades após ser acusado formalmente de assédio sexual e moral por duas ex-funcionárias da entidade.
Ele substituiu Coronel Antônio Carlos Nunes (2017-2019), nomeado em um dos últimos atos de Marco Polo Del Nero na presidência para manter seu grupo político no poder. Coronel Nunes assumiu o cargo por ser o mais idoso entre os vices em atividade, tendo uma gestão figurativa e marcada por gafes.
Antes dele, Marco Polo Del Nero (2015 a 2017) foi banido de todas as atividades relacionadas ao futebol pelo recebimento de propina e outras irregularidades no exterior e não deixou mais o Brasil, onde não é investigado. Seu antecessor no cargo, José Maria Marin (2012 a 2015) foi condenado pela Justiça norte-americana por crimes ocorridos na sua gestão à frente da CBF. O ex-presidente foi detido em um hotel na Suíça e extraditado aos Estados Unidos, onde foi julgado e condenado à prisão.
Nome mais antigo dessa lista é Ricardo Teixeira (1989 a 2012), investigado e condenado por suborno entre 2006 e 2012, quando possuía importante papel na negociação de contratos de direitos de mídia e marketing relacionados a torneios da CBF, Concacaf e Conmebol. O dirigente foi punido com o banimento de qualquer atividade relacionada ao futebol, tanto nacionalmente quanto internacionalmente.
Fonte Ibahia