Preço dos alimentos e incertezas globais influenciaram decisão
O Banco Central (BC) anunciou um novo aumento na taxa Selic, elevando-a para 14,25% ao ano. A decisão, tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom), reflete as preocupações com a alta dos preços dos alimentos e da energia, além das incertezas no cenário econômico global.
Em comunicado, o Copom destacou as incertezas externas, especialmente relacionadas à política comercial e às decisões do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano). No contexto brasileiro, o comitê observou que a economia permanece aquecida, apesar de alguns sinais de moderação no crescimento. A inflação, tanto a medida pelo IPCA quanto os núcleos que excluem itens voláteis, continua em ascensão, e há um risco de que a inflação de serviços persista em níveis elevados.
O Copom também expressou preocupação com o impacto da política fiscal sobre a política monetária e os ativos financeiros, alertando que a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida tem influenciado os preços dos ativos e as expectativas. Para as próximas reuniões, o comitê sinalizou um aumento menor da Selic em maio, mas não deu indicações sobre o que ocorrerá a partir de junho, reforçando que a magnitude total do ciclo de aperto monetário dependerá da evolução da dinâmica da inflação e do compromisso com a convergência da inflação à meta.
A decisão do Copom já era esperada pelo mercado financeiro e representa a quinta alta consecutiva da Selic, que atinge o maior nível desde outubro de 2016. A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo IPCA. Em fevereiro, o IPCA ficou em 1,48%, acumulando alta de 4,87% em 12 meses, acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O Banco Central atualizou suas projeções para a inflação, prevendo um IPCA de 5,1% em 2025 e de 3,9% no acumulado em 12 meses no fim do terceiro trimestre de 2026. As previsões do mercado, no entanto, são mais pessimistas, com o boletim Focus indicando uma inflação de 5,66% para 2025.
O aumento da Selic tem como objetivo conter a inflação, encarecendo o crédito e desestimulando o consumo. Por outro lado, a medida pode dificultar o crescimento econômico. O Banco Central elevou sua projeção de crescimento para 2,1% em 2025, enquanto o mercado projeta uma expansão de 1,99% do PIB.
Fonte: Agência Brasil