Pontífice de 88 anos segue em recuperação e escreve reflexões profundas para a celebração da Sexta-feira Santa
Pelo terceiro ano seguido, o Papa Francisco não participou da tradicional Via-Sacra de Sexta-feira Santa realizada no Coliseu de Roma. A ausência, confirmada na noite do dia 18, acontece em meio à recuperação do pontífice de uma pneumonia dupla. O Vaticano ainda não informou se ele estará presente nas demais cerimônias da Semana Santa.
A procissão, que atrai milhares de fiéis de todo o mundo, rememora a caminhada de Jesus até o Calvário e ocorre em um dos locais mais simbólicos do cristianismo: o Coliseu, considerado um antigo cenário de martírio dos primeiros cristãos. Apesar de não comparecer fisicamente, o Papa preparou as meditações que guiaram as 14 estações da cruz e delegou ao cardeal Baldo Reina, vigário-geral da Diocese de Roma, a condução da cerimônia.
Nos textos reflexivos, Francisco convida os fiéis a mergulharem na essência da cruz como símbolo de reconciliação e mudança. Ele destaca o contraste entre o amor gratuito de Deus e a lógica fria das economias humanas marcadas por cálculos e interesses implacáveis. “A cruz derruba os muros, cancela as dívidas e estabelece a reconciliação”, escreve o Papa, ressaltando que o caminho de Jesus é uma resposta concreta ao sofrimento do mundo.
As meditações abordam temas profundos como a liberdade humana, a queda e o recomeço, o valor da compaixão e a importância de assumir responsabilidades mesmo diante do peso da cruz. Com referências marcantes às dificuldades atuais da humanidade — egoísmo, indiferença e isolamento — Francisco propõe que a Via-Sacra seja vivida como um verdadeiro êxodo interior, um chamado à conversão e à solidariedade.
O Papa também reflete sobre a presença feminina na paixão de Cristo, destacando a força silenciosa de Maria, o gesto compassivo de Verônica e o choro sincero das mulheres de Jerusalém. Segundo ele, esses exemplos reforçam que, em meio à dor, a fé se manifesta em atitudes concretas, que tocam e transformam o mundo.
Ao final do trajeto, com Cristo sendo retirado da cruz e depositado no túmulo, Francisco convida os fiéis a silenciar e esperar. “Ensina-nos a não fazer nada, quando só nos é pedido esperar”, escreveu, lembrando que o Sábado Santo é tempo de pausa, confiança e esperança na ressurreição.
Mesmo ausente fisicamente, a voz do Papa Francisco esteve presente na celebração, provocando reflexão e oferecendo consolo aos fiéis que o acompanham nesta Páscoa.
Fonte: Redação Portal Rádio Repórter com informações do Vatican News