A enfermeira Maricélia Maia, da Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana, está participando de um dos projetos de pesquisa mais relevantes sobre saúde e meio ambiente da atualidade: o Projeto Navio, que acontece nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, navegando pelo coração do Pantanal brasileiro.
Desenvolvido pela Fiocruz Minas, em parceria com a Marinha do Brasil e os governos estaduais, o projeto tem duração de cinco anos e busca entender como as mudanças climáticas impactam a saúde das populações ribeirinhas. A iniciativa é coordenada pelo professor Luiz Alcântara, e conta com o envolvimento de especialistas do Brasil e de países como Holanda, México, Argentina, Colômbia e Portugal.
Objetivo: investigar doenças, vírus e fatores ambientais
O foco da pesquisa é a identificação de novos patógenos, como vírus, bactérias, parasitas e fungos, além da análise das condições de saúde e necessidades sociais das comunidades ribeirinhas. Também são avaliadas questões ambientais, como o impacto do desmatamento, queimadas, e a qualidade da água, ar e solo da região.
“A gente quer entender como o clima e o ambiente influenciam na saúde dessas populações. São áreas isoladas, onde as pessoas vivem do que plantam, pescam ou colhem da natureza”, explica Maricélia.
Atendimento em saúde e coleta de dados no Rio Paraguai
Durante as expedições pelo Rio Paraguai, a equipe multidisciplinar presta atendimento médico, odontológico e de enfermagem, realiza vacinação, distribui medicamentos e coleta amostras biológicas de seres humanos, animais domésticos, água e ambientes residenciais.
Essas amostras são processadas em laboratórios de alta tecnologia montados nos próprios navios, e ajudam a formar um retrato amplo sobre os riscos sanitários enfrentados por essas comunidades. Casos que exigem continuidade de tratamento são encaminhados para as secretarias municipais de saúde.
Contribuição internacional e impacto em políticas públicas
Com quatro viagens já realizadas desde 2023, Maricélia participou de três delas. Ela destaca o valor social e científico da iniciativa:
“É uma experiência transformadora. Estamos ajudando a construir conhecimento que pode guiar novas políticas públicas de saúde e preservação ambiental, especialmente para regiões vulneráveis como o Pantanal”.
Por que o Projeto Navio é tão importante?
- Estuda doenças emergentes e o papel do clima na sua proliferação;
- Atende populações de difícil acesso com serviços essenciais de saúde;
- Gera dados científicos inéditos sobre o impacto ambiental na saúde pública;
- Fortalece a cooperação internacional em saúde e meio ambiente;
- Serve de base para a criação de estratégias de prevenção e controle de doenças.
Redação com informações da Secom/PMFS