Pese a intensa movimentação do governo federal para o envio de mantimentos e medicina para a Venezuela nas duas semanas, apenas duas camionetes deixaram Boa Vista rumo à fronteira, na madrugada neste sábado (23). O destino é a Pacaraima, a 215 km, na fronteira com a Venezuela, que continua fechada.
Pela manhã, uma fila de militares com escudos antimotim permanecia fechando a via que dá a acesso ao país vizinho, onde ao menos dois morreram em confrontos com forças militares na sexta-feira.
Junto com os dois veículos (um deles é uma camionete), está prevista chegada do chanceler Ernesto Araújo. Ele dará uma entrevista coletiva na sede da Polícia Federal em Pacaraima, localizada a algumas dezenas de metros da fronteira.
A movimentação faz parte de uma ação coordenada entre EUA, Colômbia, Brasil e a oposição venezuelana para forçar a deposição do ditador Nicolás Maduro, que, impopular e isolado internacionalmente, depende do apoio das Forças Armadas para se manter no poder.
Além da barreira humana, é possível avistar, a partir do lado brasileiro, grupos de militares venezuelanos ao longo da fronteira seca com o Brasil. Para cruzar, é preciso percorrer vários quilômetros a pé por um caminho montanhoso.
Além da preocupação com conflitos, os moradores do lado brasileiro estão com temor de ficar sem gasolina -por causa do preço baixo e do contrabando, não há um posto sequer no trecho da BR-174 que liga Pacaraima a Boa Vista.
Quando a fronteira está aberta, os brasileiros abastecem em um posto de gasolina aberto apenas para estrangeiros. Mesmo mais caro que o preço vendido a venezuelanos, o litro sai por R$ 1,50, bem mais barato do que os R$ 3,8 de Boa Vista.
Na noite de quinta-feira (22), a reportagem teve de ir a quatro pontos de venda clandestinos ao longo da rodovia até conseguir um pouco de gasolina -comprou os últimos dez litros disponíveis. O preço já subiu: em vez de R$ 3,50 em tempos normais, cada litro saiu por R$ 5.