O PT vai usar a campanha eleitoral deste ano como palco para a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, mesmo que isso signifique o isolamento e prejuízos para o partido na disputa presidencial deste ano.
Reunida desde quinta-feira, 10, em São Paulo, a maior corrente interna do PT – Construindo um Novo Brasil (CNB) – reiterou que vai com Lula até o fim e decidiu encaminhar ao Diretório Nacional do partido uma série de medidas para interditar de uma vez por todas as discussões sobre um “plano B”.
As conversas sobre a escolha do vice ficaram para o fim de julho Motivo: a avaliação é de que até a escolha do vice pode dar margem a especulações sobre um “plano B” do partido.
Um grupo será criado para coordenar a pré-campanha. Nas próximas semanas será montado um comitê físico “Lula presidente” em São Paulo. O ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrielli será integrado à equipe e as primeiras propostas serão anunciadas assim que forem aprovadas pelo próprio Lula. Disputas internas na CNB foram mitigadas em nome da unidade.
Os três eixos da campanha eleitoral serão a defesa da democracia, “nenhum direito a menos” e “Lula livre”. Tudo isso para abafar de vez insinuações sobre uma alternativa ao ex-presidente. “Não vai faltar quem nos chamará de isolacionistas ou loucos”, resumiu o ex-ministro Gilberto Carvalho. “Vamos até o fim apostando na reversão deste quadro mesmo sabendo que é difícil. Todas as tratativas vão na contracorrente de quem diz que ele não é candidato.”
Nos dois dias de reunião da CNB ninguém ousou usar a tribuna para questionar a candidatura de Lula, mas em conversas reservadas ficou evidente a existência de três posições: os lulistas radicais, que defendem a candidatura do ex-presidente até o fim e, caso ele seja barrado pela Justiça, o boicote às eleições; os moderados, maioria, para quem o PT deve escolher outro nome somente depois de esgotada a alternativa Lula; e os que são favoráveis à abertura imediata de diálogo sobre os cenários sem Lula.
Uma carta enviada por Lula à presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e um relato do tesoureiro do partido, Emídio de Souza, sobre uma visita feita ao petista na cadeia, na quinta-feira, sepultaram as vozes divergentes. “Se eu aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime”, diz o ex-presidente na carta encaminhada a Gleisi.
Fonte: Varela Notícias