Mais que um ídolo, um mito. Ayrton Senna é, 25 anos após sua morte, ocorrida em 1º de maio de 1994 no circuito italiano de Imola, uma verdadeira lenda da Fórmula 1.
Nascido em 21 de março de 1960 em São Paulo, Ayrton Senna da Silva disputou 161 Grandes Prêmios entre 1984 e 1994, conquistou três mundiais com a McLaren (1988, 1990 e 1991), 41 vitórias correndo por Lotus e McLaren — a estreia na limitada Toleman, em 1984, rendeu um dos momentos mais antológicos da categoria, no GP de Mônaco, ao largar na 13ª posição e, sob uma chuva torrencial, chegar ao segundo lugar, só atrás do líder Alain Prost, até a prova ser interrompida — 65 pole positions, 80 pódios e quase 3.000 voltas na liderança nas corridas.
É menos que Michael Schumacher (7 títulos), Lewis Hamilton e Juan Manuel Fangio (5), Alain Prost e Sebastian Vettel (4), mas o essencial está em outra parte.
— É um herói e continuará sendo para sempre — avalia o pentacampeão Lewis Hamilton, para quem o brasileiro serviu de inspiração desde o início da carreira, e que compartilha um certo misticismo com o brasileiro. — Eu não conhecia bem sua personalidade, então, o que eu mais gostava era mais o que ele representava, aquilo contra o que ele se opunha, e o que era capaz de fazer ao volante.
Aura diferente
A rivalidade de Senna com “o professor” Alain Prost, com quem compartilhou os boxes na McLaren em 1988 e 1989 e depois o enfrentou até a aposentadoria do francês no final de 1993, os transformou em grandes celebridades, passando a ser conhecidos não só pelos aficionados do esporte.
— Vimos isso chegar aos grandes meios de comunicação, porque existia essa batalha humana entre dois pilotos de carisma, cultura e educação diferentes — lembra Prost. — Fiz muitas coisas, ganhei muitas corridas e campeonatos sem ele, mas nossa história está completamente ligada. Não há um momento em que, se você fala de Prost, não mencione Senna e vice-versa. Não só minha carreira, mas também minha vida está ligada a ele. Vivo com isso há cerca de 30 anos.
Próximo do brasileiro, o jornalista francês Lionel Froissart diz que Senna tinha uma aura diferente e, mesmo após 25 anos, ele continua sendo lembrado:
— Isso diz muito sobre sua personalidade. Faz parte desses personagens excepcionais tocados um pouco pela graça divina. Ele impunha de maneira natural uma distância, uma espécie de aura. Tínhamos a mesma idade, mas eu nunca teria dado um tapinha nas costas dele!
Para além de suas conquistas, polêmicas e momentos de genialidade, foi seu jeito de ser — modesto e orgulhoso ao mesmo tempo, a mistura de agressividade total na pista e de sensibilidade fora — que ficou na memória.
— Era um piloto excepcional, com um encanto particular. A combinação destas duas qualidades fazia dele uma lenda já em vida — acredita o austríaco Gerhard Berger, companheiro de Mclaren e amigo.
A morte do brasileiro durante o Grande Prêmio de San Marino, último drama de um fim de semana já trágico (após um grave acidente de Rubens Barrichello na sexta-feira, e da morte do austríaco Roland Ratzenberger no sábado), provocou um grande impacto e acabou construindo sua lenda. Depois de largar na pole position, o brasileiro, então com 34 anos, pilotava sua Williams-Renault quando se chocou contra o muro de cimento da curva de Tamburello na sétima volta.
— Ayrton era um bom ser humano, com princípios e valores. E foi realmente espetacular o tempo que passou neste planeta — diz Ron Dennis, seu chefe na McLaren.