O Indicador Movimento do Comércio, que acompanha o desempenho das vendas no varejo em todo o Brasil, recuou 0,7% em julho deste ano na comparação com junho, já descontados os efeitos sazonais, de acordo com dados apurados pela Boa Vista. A queda se deu após a alta de 1,3% em junho – a única alta mensal do ano. Na comparação com julho de 2018, houve queda de 3,7%, enquanto, no acumulado em 12 meses, o indicador registrou desaceleração e subiu 1,2%.
Fatores como alto nível de desocupação e subutilização da mão de obra, menor confiança e tímido crescimento da renda continuam sendo os principais entraves para uma evolução mais robusta do setor. Apesar das condições favoráveis do mercado de crédito, o endividamento em alta também parece comprometer uma retomada mais acelerada dos empréstimos e, consequentemente, das vendas.
A liberação dos recursos de contas ativas e inativas do FGTS, por outro lado, deve trazer uma injeção de ânimo para o comércio, já que pode reverter a trajetória de desaceleração das vendas observada desde o ano passado.
Setores
Na análise mensal, nota-se que o recuo do movimento do comércio em julho foi puxado pelos segmentos de “Móveis e eletrodomésticos” e “Supermercado, alimentos e bebidas”.
O segmento de “Móveis e Eletrodomésticos” apresentou queda de 2% em julho, descontados os efeitos sazonais. Nos dados sem ajuste sazonal, o acumulado em 12 meses ficou praticamente estável (-0,2%).
A atividade de “Supermercados, Alimentos e Bebidas”, por sua vez, registrou queda de 0,8% no mês na série dessazonalizada. Na série sem ajuste, a variação acumulada em 12 meses foi de 1,2%.
Já a categoria de “Tecidos, Vestuários e Calçados” cresceu 1,3% no mês, expurgados os efeitos sazonais. Nos dados acumulados em 12 meses houve alta de 3%.
Por fim, o segmento de “Combustíveis e Lubrificantes” ficou praticamente estável em julho (+0,1%) considerando dados dessazonalizados, enquanto, na série sem ajuste, a variação acumulada em 12 meses foi de 1,2%.
Após a alta de junho – a primeira após seis meses consecutivos de retração mensal –, o movimento do comércio voltou a cair em julho, evidenciando a falta de fôlego do varejo neste ano.
A liberação dos recursos de contas ativas e inativas do FGTS anunciada recentemente pelo governo, diante deste contexto, mostra-se uma medida providencial para o setor.
A expectativa é que a medida comece a ter impactos significativos no comércio a partir de setembro. Ainda assim, trata-se de uma ação pontual e com efeitos temporários, que rapidamente se dissiparão – assim como em 2017 – sem uma melhora substancial da dinâmica do mercado de trabalho.
Fonte: Boa Vista