A internet se tornou o principal meio de busca por vagas de emprego. As oportunidades se espalham por sites de emprego, redes sociais e até WhatsApp. Mas nem sempre essas vagas existem. E muitas vezes são usadas como chamariz para que os candidatos forneçam seus dados, paguem mensalidade pelo serviço de oferta de vagas ou para que caiam em golpes de empresas que cobram pelo serviço de recolocação.
De acordo com Tais Targa, job hunter e coach de empregabilidade, a oferta de vagas se transformou em um negócio. E alguns sites, para manter o número de acessos, “fabricam vagas” ou mantêm anunciadas oportunidades de trabalho que já foram preenchidas ou canceladas.
“Sempre vi vagas falsas anunciadas até em jornal, porque a vantagem para quem as divulga é ter acesso a dados privilegiados das pessoas, e porque há ainda empresas que vivem disso: elas divulgam vagas e cobram das contratantes e dos candidatos. Então são bancos online de currículo”, diz.
Tais explica que há sites de emprego que anunciam vagas que não existem ou já existiram, mas já foram fechadas, com o intuito de chamar a atenção de candidatos, que acabam se cadastrando, fornecendo seus dados ou pagando mensalidade para serem selecionados para entrevistas.
Outra situação, segundo Tais, são consultorias de recursos humanos que não retiram as vagas que já foram fechadas ou estão suspensas para não mostrar o número real de vagas, que é bem pequeno, o que, comercialmente, não é bom para a empresa.
A consultora diz que pode ocorrer ainda a divulgação de vagas falsas em redes sociais como o LinkedIn. “Se você tem um CNPJ e um e-mail você consegue entrar lá e divulgar qualquer vaga e é humanamente impossível ligar para todo mundo pedindo comprovação de que a vaga está aberta. Você confia nas empresas que têm CNPJ ativo e um domínio de e-mail próprio, só que algumas empresas usam de má-fé e divulgam vagas que não existem. Querem dados, querem mailing ou querem outros dados de pesquisa do profissional. No LinkedIn, qualquer pessoa pode denunciar uma vaga falsa e eles cancelam. Então o usuário tem que ter essa percepção”, afirma.
O LinkedIn informa que incentiva os usuários a denunciar as vagas consideradas fraudulentas e que tem ferramentas de monitoramento e funcionários que trabalham na prevenção e remoção de vagas de emprego falsas.
Outra situação que pode ocorrer é a divulgação de vagas que não existem pelo WhatsApp. Em agosto, centenas de candidatos formaram fila no Sistema Nacional de Empregos (Sine), em Niterói (RJ). Eles alegaram que receberam o anúncio, por meio de áudios no WhatsApp e por meio de postagens no Facebook, de que haveria inauguração de uma suposta sede do Sine na cidade, com milhares de vagas. A polícia abriu uma investigação para saber quem foram os responsáveis.
Veja dicas de Tais para saber se a vaga é falsa e como usar a internet a seu favor na busca por emprego:
- Observe o tempo de divulgação da vaga. Alguns sites indexam vagas anunciadas em outras páginas, inclusive no próprio LinkedIn. Isso não é problema. Mas é importante observar por quanto tempo a vaga está aberta. Se ela estiver lá há semanas ou meses, possivelmente já foi preenchida.
- Verifique a que consultoria ou empresa a oportunidade está vinculada e vá diretamente ao site desta empresa. Lá você poderá checar se existe alguma vaga com as mesmas características ou requisitos.
- Caso a oportunidade não esteja listada na página, é possível entrar em contato por telefone ou e-mail com a consultoria ou empresa para verificar, pois existem duas possibilidades. A primeira delas é que se trata de uma vaga antiga que já foi preenchida. A segunda é o site da própria consultoria não estar atualizado. Na maioria dos casos, a vaga já foi preenchida. Isso acontece porque muitas dessas páginas vendem assinaturas “premium” e lucram com anúncios de patrocinadores. Portanto, quanto mais visualizações e volume de vagas elas tiverem, melhor.
- Se a mesma vaga de emprego é divulgada em diferentes sites, candidate-se em todas as páginas, ainda que não consiga ter certeza se a oportunidade é, de fato, verdadeira. Se você se candidata em três lugares diferentes para a mesma vaga, tem três vezes mais chances de ter seu currículo avaliado do que quem se candidatou apenas uma vez. E lembre-se de fazer um “print” da vaga para a qual se candidatou, pois, às vezes, você é chamado para a entrevista e o link da posição já expirou e daí não lembra os requisitos. Esta informação é bastante válida para saber o que enfatizar no momento da entrevista.
- Em caso de haver contato telefônico após o cadastro para a vaga, preste atenção aos detalhes para saber se a oportunidade é falsa. Os indicativos são salário bem superior ao que você está pretendendo, a proposta geralmente é muito boa e a pessoa tentará te seduzir para ir à entrevista. E, o principal indicativo é a pessoa dizer que você tem que pagar para participar do processo seletivo.
- Há ainda as vagas confidenciais, que são usadas pelas empresas como chamariz para captar currículos de candidatos. Por exemplo, a empresa quer contratar alguém para substituir um funcionário que ainda não foi demitido e não quer ele saiba do processo seletivo. Então ela anuncia uma vaga que não existe para receber currículos e selecionar candidatos para a oportunidade que abrirá em breve. Nesse caso, não será possível saber a empresa que está contratando nem maiores informações sobre a vaga, portanto, não será possível ter a certeza de que a vaga é verdadeira. Mas é possível pesquisar na internet os dados da vaga para ver se há outras pessoas comentando sobre a oportunidade.
Desconfie das seguintes situações:
- Anúncios de vaga sem o nome do cargo e nenhum detalhe são altamente suspeitos. O candidato, ao pedir mais informações, recebe respostas com pedidos como envio de documentos para cadastro ou até depósito para cobrir custos da seleção ou de passagens e hospedagem para o local da entrevista.
- Vagas com benefícios generosos dificilmente chegam por e-mail sem que o profissional tenha se candidatado ou tenha feito contato mostrando interesse na oportunidade. Ao oferecer essas vantagens, o falso recrutador consegue a atenção do candidato, que acaba fornecendo os dados que o golpista quer.
- Verifique se o e-mail vem de um domínio de endereços gratuitos – a maioria das empresas tem seu domínio próprio. Se o e-mail vier de um provedor de contas de e-mail gratuitas, desconfie, pois não é de propriedade de uma empresa e pode ser de qualquer usuário do provedor. Em caso de suspeita, pesquisa na internet a origem do domínio.
- Áudios de pessoas desconhecidas compartilhados em grupos de WhatsApp anunciando vagas abertas e até o local da seleção. Nesse caso, antes de se dirigir ao local, pesquisa se essas vagas realmente existem e se o local anunciado fará mesmo o recrutamento.
Fonte: G1