Diante da soltura do ex-presidente Lula e sua busca de reorganizar a esquerda, centrando sua atuação na área social e no Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro será aconselhado por aliados a evitar perder energia demais na polarização com o ex-presidente petista e a melhorar sua relação com o Legislativo para aprovar medidas visando acelerar a retomada do crescimento econômico no próximo ano.
Afinal, se a economia não reagir mais fortemente em 2020, ano de eleição municipal, o ex-presidente Lula terá um terreno fértil para fazer seu discurso de que a direita não conseguiu tirar o país da crise, mesmo que ela tenha sido gerada pela ex-presidente Dilma Rousseff. E isso pode ser refletido na disputa eleitoral do ano que vem.
Na avaliação de interlocutores de Bolsonaro, principalmente da área militar, o presidente não precisa perder muita energia com Lula, porque uma radicalização do petista, já ensaiada nos últimos dias após sua saída da prisão, fortalece naturalmente o presidente da República e reaglutina seu eleitorado, num momento em que uma parcela dos que votaram nele começavam a se descolar do atual governo.
Então, a avaliação é que o melhor caminho é deixar Lula radicalizar, não entrar no seu jogo, mas cuidar do governo, principalmente da área econômica, para fazer o país decolar, e também dar uma atenção especial à área social, terreno em que o petista vai atuar para desgastar o atual presidente da República. O contraponto a Lula ficaria por conta do ministro da Justiça, Sergio Moro, e de seus aliados nas redes sociais.
Atenção à economia
Na linha de focar na economia, o governo Bolsonaro vai lançar nesta semana sequência das medidas para fazer o país voltar a crescer e gerar empregos. Depois de enviar ao Congresso as três Propostas de Emenda à Constituição do Pacto Federativo, o governo Bolsonaro vai anunciar nesta segunda-feira (11) o seu plano de geração de empregos para jovens entre 18 e 29 anos e pessoas acima de 55 anos. Em seguida, virá a reforma administrativa.
No caso do plano para geração de empregos, batizado de Programa Verde e Amarelo, a ideia é reduzir em 30% o custo da mão de obra para estes segmentos. A empresa terá os descontos nos dois primeiros anos de contrato trabalho, quando o patrão ficará isento de pagar a contribuição patronal previdenciária de 20%, o FGTS deve cair de 8% para 4% e a multa rescisória de 40% para 20%.
Haverá proibição de substituição de trabalhadores para pagar menos tributos. Ou seja, haverá um mecanismo para impedir que uma empresa demita um funcionário para contratar um novo com encargo menor.
Reprodução: Valdo Cruz/G1