A adesão do trabalhador brasileiro a sindicatos profissionais atingiu seu menor nível em 2018. É o que aponta um levantamento divulgado nesta quarta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), o levantamento mostrou que apenas 12,5% dos trabalhadores estavam sindicalizados em 2018. Essa foi a menor taxa de sindicalização na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
Segundo o IBGE, em 2012 a taxa de sindicalização era de 16,1%. Ela se manteve estável em 2013, mas iniciou trajetória de queda a partir de 2014, que foi acentuada em 2016 por conta da maior retração na ocupação do mercado de trabalho.
De acordo com a gerente da pesquisa, Adriana Beringuy, a queda na sindicalização entre 2014 e 2017 esteve fortemente associada à crise no mercado de trabalho, devido ao aumento do desemprego. Mas o mesmo fator não pode ser apontado em 2018, segundo ela, uma vez que não houve queda na ocupação.Antes, a queda mais intensa de sindicalizados, em números absolutos, havia ocorrido na passagem de 2015 para 2016, quando o contingente diminuiu em um milhão de trabalhadores.
Até 2017, era obrigatória a contribuição sindical no país – uma vez por ano, todos os trabalhadores formais eram obrigados a pagar o equivalente a um dia de salário para o sindicato da categoria, fossem sindicalizados ou não. Com a reforma trabalhista aprovada naquele ano, tal obrigatoriedade foi derrubada.
“A gente não sabe até que ponto as mudanças legislativas contribuíram para a redução desses sindicalizados. Como esse fenômeno da não obrigatoriedade da contribuição sindical é algo recente, não temos elementos suficientes para tentar mensurar os impactos dessa mudança. O que a gente tem de elemento mais analítico é o comportamento do mercado de trabalho”, disse a pesquisadora.
A queda no desemprego iniciada em 2018, apontou a gerente da pesquisa, foi puxada pelo aumento do trabalho por conta própria e pelo emprego no setor privado sem carteira assinada, ou seja, pela informalidade. “Essas categorias de ocupação, tradicionalmente, têm menos mobilização sindical”, enfatizou.
O levantamento mostrou que, dentre as categorias de ocupação, a maior taxa de sindicalização em 2018 foi entre os empregados no setor público, de 25,7% – mais que o dobro da taxa geral. Os empregados no setor privado com carteira assinada tiveram a segunda maior taxa, de 16%.
Já para os trabalhadores por conta própria a taxa de sindicalização foi de 7,6%, enquanto para os empregados no setor privado sem carteira assinada a taxa foi de 4,5%. A menor taxa de sindicalização, no entanto, foi entre os trabalhadores domésticos – apenas 2,8%.
Na série histórica, todas as categorias registraram queda na sindicalização. A mais intensa foi entre os empregadores, que passou de 18,6% em 2012 para 12,3% em 2018 – uma redução de 6,3 pontos percentuais (p.p.), seguida pela dos empregados no setor privado com carteira assinada, que caiu 4,9 p.p. no mesmo período, passando de 20,9% para 16%.
Reprodução G1