De acordo com pesquisa de abrangência nacional com internautas realizada pelo IBOPE Inteligência, 48% das mulheres declaram já ter sofrido algum tipo de assédio, constrangimento ou importunação sexual em alguma festa de Carnaval, considerando apenas as internautas que já foram em celebrações carnavalescas (tais como blocos, desfiles de rua ou em sambódromos, trios-elétricos, eventos em lugares fechados etc.). Dentre as mulheres de 16 a 24 anos, esse resultado é ainda mais significativo: 61%.
Dentre as mulheres que declaram já ter passado por alguma dessas situações, 50% afirmam que o constrangimento foi verbal, cerca de 22% relatam que o constrangimento foi físico e outras 28% que as situações sofridas foram tanto verbais quanto físicas.
A pesquisa mostra também que comportamentos machistas estão presentes na festa popular: para 29% dos homens, uma mulher que usa roupas ou fantasias curtas não pode reclamar se receber uma cantada, afirmação com aqual 20% das mulheres também concordam. Neste caso, o que é percebido pelos dados da pesquisa é uma discordância em relação a esse comportamento, maior dos jovens do que dos mais velhos (61% dos jovens de 16 a 24 anos discordam totalmente dessa afirmação versus 48% dos respondentes de 35 a 54 anos e 43% dos respondentes acima de 55 anos). E sobre outras afirmações, cerca de um em cada cinco homens (18%) concordam que roubar um beijo de surpresa em uma festa faz parte da paquera, 15% acreditam que é um elogio chamar uma mulher desconhecidade “gostosa” em uma festa e 9% consideram que segurar pelo braço é um jeito comum e aceitável de um homem abordar uma mulher em umafesta.
Para Soraia Amaral, gerente de atendimento e planejamento de consumo e serviços do IBOPE Inteligência, os dados revelam que “mesmo vivendo em um momento de discussões impulsionadas pela fala mais expressiva das mulheres e uma preocupação das empresas e das marcas em como se posicionar diante desse cenário, ainda somos um país com reflexos de um machismo estrutural e preconceitos enraizados. O que percebemos são diferenças geracionais que destacam a conscientização maior dosjovens sobre o assunto, mostrando a sua importância no processo de desconstrução desse machismo estrutural. Os dados da pesquisa no contexto de Carnaval só evidenciam o comportamento cotidiano em relação ao machismo”.
Quando questionados sobre o quanto conhecem a expressão “assédio sexual” e o“crime de importunação sexual”, os respondentes indicam estar mais familiarizados com o senso comum sobre assédio sexual. Enquanto 59% afirmam saber bastante sobre assédio sexual, somente 28% dos internautas brasileiros declaram saber bastante a respeito do crime de importunação sexual. Ainda que no linguajar cotidiano os termos sejam utilizados como sinônimos, juridicamente são considerados distintos.
Ainda assim, mais da metade dos internautas brasileiros já presenciou situações de constrangimento sexual em alguma festa de Carnaval, conforme declaram 55% dos internautas. Em relação a essas situações, 44% foram agressões verbais, 18% foram físicas e 38% foram tanto verbais quanto físicas.
Dentre os diferentes tipos de celebrações carnavalescas, a pesquisa tambémindica que os blocos de rua são os que atraem mais foliões, uma vez que 28% dos internautas costumam ir em bloquinhos, resultado que alcança 35% na faixa etária mais jovem (16-24 anos). Há também quem prefira não participar de festas ou apenas viajar: 41% declaram não comemorar o Carnaval e 16% aproveitam o feriado para apenas viajar com famílias e amigos.
Sobre a pesquisa
A pesquisa foi realizada de 31 de janeiro a 6 de fevereiro, por meio dequestionário estruturado aplicado em painel online. Foram realizadas 2000 entrevistas, de abrangência nacional, com mulheres e homens,maiores de 16 anos, das classes ABC. A pesquisa é representativa da população de internautas e apresenta erro amostral de 2 pontospercentuais, considerando nível de confiança de 95%.
Fonte: Ibope Inteligência