Apesar das campanhas de conscientização contra o feminicídio, as estatísticas de violência contra a mulher continuam a crescer na Bahia. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) registrou um aumento de 32% no número deste tipo de homicídios em 2019 em comparação ao ano anterior. Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, especialistas destacam a necessidade de tratar transtornos psicológicos para evitar essas ocorrências.
“Muitas vezes, os agressores desenvolvem um quadro de ciúme patológico que se torna um delírio. Em momentos de agressividade, esse sentimento pode levar a um assassinato. Também há situações em que a pessoa tem transtorno de personalidade e não tem remorso de fazer outra pessoa sofrer. Eles podem até sentir prazer nisso”, explica a psiquiatra da clínica Holiste, Lívia Castelo Branco.
A também psiquiatra Fabiana Nery afirma que questões emocionais podem deixar algumas mulheres mais vulneráveis à violência. “Mulheres com baixa autoestima, dependência afetiva ou que cresceram em um ambiente onde a agressão feminina era normal tendem a repetir esse padrão. Normalmente, questionamos porque ela não denunciou ou acabou com o relacionamento, mas questões de personalidade ajudam a entender esse comportamento”, explica.
A dependência emocional acomete os dois gêneros, mas é mais comum em mulheres acima dos 30 anos, que cresceram em ambientes disfuncionais, não tiveram relações de amor de forma sólida ou não se sentiram amadas durante a infância. Quem sofre desse problema, geralmente apresenta insegurança e baixa autoestima, o que pode fazer a pessoa se submeter a relações abusivas e a tolerar agressões físicas, verbais e sexuais, pois se sente incapaz de sair desse relacionamento.
O relacionamento abusivo também pode causar transtornos emocionais nas vítimas, que podem desenvolver sintomas de ansiedade ou síndrome do pânico, por exemplo. Para romper com esse ciclo, as especialistas ressaltam a importância de criar um círculo de apoio. “O apoio psicológico é fundamental. As mulheres precisem ter acesso a serviços de saúde que ajudem a fortalecê-las, onde encontrem um suporte para que percebam que há saída para o que estão vivenciando. O papel da família é crucial nesse momento de reconstrução da autoestima”, pontua Fabiana Nery.
Fonte: Litiane de Oliveira