Depois de quase dez dias de manifestações de caminhoneiros por todo país por conta dos aumentos de preço do diesel e da política de preços da Petrobras, e estatal anunciou, na manhã deste sábado (2) aumento de 2,25% no preço da gasolina em suas refinarias. De ontem para hoje, o litro do combustível ficou 4 centavos mais caro, ao passar de R$ 1,9671 para R$ 2,0113, de acordo com a estatal.
Em um mês, o combustível acumula alta de preço de 11,29%, ou seja, de 20 centavos por litro, já que em 1º de maio, o combustível era negociado nas refinarias a R$ 1,8072. O preço do diesel, que recuou 30 centavos desde o dia 23 de maio, no ápice da greve dos caminhoneiros, será mantido em R$ 2,0316 por 60 dias.
Na sexta-feira, o presidente da Petrobras e responsável pela política de preços Pedro Parente pediu demissão do cargo. Parente apresentou sua carta de demissão no final da manhã, na esteira da crise provocada pela longa greve dos caminhoneiros que colocou no centro do debate a política de preços de combustíveis da estatal. No final da tarde, o presidente Michel Temer anunciou o nome do novo presidente da estatal: Ivan Monteiro, até então diretor-executivo da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores da própria Petrobras.
Em sua carta de demissão enviada ao presidente Michel Temer, Parente cita a crise dos caminhoneiros e deixou claro que mudanças na política de preços dos combustíveis estão sendo discutidas. “Novas discussões serão necessárias. E diante deste quadro, fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente”, escreveu Parente.
Pedro Parente estava no comando da Petrobras desde maio de 2016, escolhido por Temer logo após a saída de Dilma Rousseff. Tudo para marcar uma nova gestão alinhada aos standards de mercado depois de um período de forte intervenção estatal, inclusive no preço dos combustíveis, e o escândalo da Operação Lava Jato.
Parente vinha sendo criticado pela extrema volatilidade nos preços dos produtos derivados de petróleo. As mudanças constantes já causavam desconforto e havia críticas, por exemplo, à escalada do preço do gás, que penalizava os mais pobres.
Enquanto a Petrobras derretia na Bolsa ontem, uma empresa também sob influência de Pedro Parente subia: a BRF. O executivo foi escolhido há poucas semanas para a presidência do conselho de administração da companhia. Agora, a especulação é de que ele poderia ser o CEO da gigante de carnes. Por lá, a escolha de um “novo rei” vinha se arrastando há meses, sem se chegar ao consenso que Pedro Parente pode vir a criar.
Novo comandante da Petrobras, Ivan Monteiro — chegou antes do antigo chefe à empresa. Foi levado pelo presidente anterior da companhia, Aldemir Bendine, em 2015. Os dois trabalharam juntos no Banco do Brasil. E entraram na Petrobras com a saída de Graça Foster.
A missão de Ivan Monteiro era consertar os erros da gestão anterior. Começou a desenhar um plano para reerguer a empresa assim que assumiu. Segundo pessoas próximas, ele ficou surpreso com a bagunça na contabilidade da Petrobras e começou a corrigir coisas como a falta de provisionamento para possíveis dívidas.
Após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o comando da Petrobras foi alterado. Saiu Bendine e assumiu Parente. Ele manteve Ivan Monteiro no cargo que tocou a recuperação da empresa sem necessidade de o governo injetar dinheiro público. É tido como um quadro forte, que deverá lutar para manter a política de preços, segundo a avaliação de pessoas dentro da empresa.
Fonte: Correio24horas