A pandemia do coronavírus provocou o cancelamento das tradicionais festas de São João em alguns municípios da Bahia. A atitude, embora ajude a evitar a disseminação do Covid-19, impacta na geração de renda dos trabalhadores, que já contabilizam os prejuízos. Segundo a Federação do Comércio da Bahia (Fecomércio), a medida, além de afetar o turismo, deve provocar uma retração nas vendas de 23% nestas cidades, especificamente nos setores mais afetados pela data, como vestuário e supermercado.
Dono de um dos festejos juninos mais conhecidos na Bahia, Senhor do Bonfim, localizado no norte do estado, recebeu, e 2019, investimento de R$ 2 milhões e movimentação financeira de quase R$ 15 milhões, com média de 300 mil pessoas em cada dia de evento.
Já em Ibicuí, no sul da Bahia, o São João aconteceria de 19 a 24 de junho, e a prefeitura já tinha confirmado dez atrações. Em Vitória da Conquista, sudoeste do estado, o cancelamento da festa foi uma das principais medidas de contenção tomadas pela prefeitura da cidade.
Presidente da Federação Baiana das Quadrilhas Juninas, Carlos Brito, lembra o investimento feito e lamenta o prejuízo com o cancelamento dos festejos.
“Trabalhos precisaram ser paralisados, e agora tomamos prejuízo, já que materiais para confecção dos figurinos tinham sido comprados e profissionais como costureiras, contratados”, diz Carlos.
A atitude também vai impactar no trabalho de vendedores ambulantes da região, como é o caso de Givaldo Sales.
“Sempre vendia 25 sacos, 30 sacos de amendoim. Mas, esse ano, sei que vai ser ruim as vendas”, lamenta Givaldo.
Já o sanfoneiro Dudu Rodrigues vê prejuízo não só financeiro, mas emocional para todos envolvidos nos festejos.
Os gestores dos municípios admitem o impacto econômico com o cancelamento dos festejos, mas ponderam que a preocupação maior, neste momento, é com a saúde da população.
“A gente, claro, se preocupa com a situação econômica, porque é através dela que você fortalece o município, com emprego e renda. Mas, em primeiro lugar, existe a vida das pessoas”, diz Carlos Brasileiro, prefeito de Senhor do Bonfim.
“É uma decisão difícil por entender que o São João da cidade de Irecê é tradicional. Mas não poderíamos agir diferente diante da crise, da pandemia que esta doença, o Covid-19, traz para toda sociedade”, completa Elmo Vaz, prefeito de Irecê.
A cabeleireira Cleise Oliveira, que esperava faturar R$ 3 mil durante o São João, afirma que entende a atitude das prefeituras.
Fonte G1