Um estudo realizado por um coletivo que inclui pesquisadores do Instituto Federal da Bahia (IFBA), da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e voluntários do CoronaVidas.net aponta que os casos de coronavírus em Feira de Santana cresceram 105% desde o dia 21 de abril, quando a prefeitura do município decidiu flexibilizar o funcionamento do comércio, com a reabertura de estabelecimentos com até 200 metros quadrados.
No dia 21, Feira de Santana registrava 58 casos de coronavírus. Desde então, até a última sexta-feira (8), o município identificou 61 novos infectados e totalizou 119, com destaque para a semana seguinte ao decreto que autorizou a retomada do comércio, quando a curva de contaminação saltou de, em média, três casos por dia para um pico de 19 notificações em apenas 24 horas.
O pesquisador Fábio Barreto, que é mestre em Tecnologias aplicáveis à Bioenergia e doutorando em Difusão do Conhecimento (UFBA/IFBA), aponta que Feira de Santana demorou 24 dias para ter os primeiros 12 casos. Para atingir 50 casos, foram necessários 46 dias. Três semanas após a flexibilização do isolamento, o número mais que dobrou.
“”Feira de Santana teve um aumento significativo no número de casos. Esse número de casos acontece a partir da flexibilização do comercio. O modelo de incubação do coronavírus acontece a partir de sete dias e dura até 14 dias. Essa curva começa a crescer exatamente nessa mudança, onde temos um achatamento que deixa de existir. É preocupante. Quando você começa a perceber os números, que são exponenciais, a previsão é de que se tenha um aumento mais significativo nos próximos dez dias”, disse o pesquisador.
O pesquisador aponta que o cenário pode piorar bastante ao longo de maio, caso a cidade não volte a adotar medidas restritivas mais duras.
“O que nos preocupa é que, em menos de três semanas, se tem o dobro dos casos de 46 dias. Temos um gráfico exponencial. Se fazemos uma projeção até o fim de maio, teremos mais de 300 pessoas infectadas em Feira de Santana. E isso preocupa. Medidas devem ser tomadas para que o distanciamento social ocorra, de forma que a cidade tenha a preocupação com o aumento de casos”, declarou.
O prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, concedeu entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira e afirmou que a flexibilização do comércio não pode ser encarada como razão principal para o aumento de casos de coronavírus no município. Ele destacou que a cidade registrou aglomerações em mercados, durante a distribuição do auxílio fornecido pelo governo do estado para estudantes, e também nas agências bancárias, com a busca pelo auxílio emergencial do governo federal.
“”Esses dados mostrados por uma pesquisa, que é bem específica, direcionada, é bom que se coloque que foi feita sem avaliar muitas situações. No dia 20 de abril o governo do estado começou a pagar benefícios para 60 mil famílias de Feira de Santana. Estudantes foram para supermercados pegar a cesta básica. Isso ocorreu até semana passada. No dia 22 de abril, o governo federal começou a pagar o auxílio emergencial. A maior aglomeração não foi o comércio, foi a fila na Caixa Econômica. Tivemos transmissão comunitária. O número de aumento de casos é previsto. A Universidade de Feira de Santana projetava 200 casos para essa semana, mas não chegamos a esse número”, declarou Colbert Martins.
Fonte G1