As agressões que resultaram na morte do empresário baiano Luciano Rodrigues Vieira, de 43 anos, foram registradas por câmeras de segurança. As imagens foram divulgadas à imprensa e mostram o momento do crime, que aconteceu no último sábado (9), na Pituba, em Salvador, bairro de classe média alta.
Nas imagens, garis que faziam a coleta de lixo na região espancam o empresário e seguem com o serviço normalmente após deixar a vítima caída no chão. Quatro suspeitos [três garis e o motorista do caminhão de lixo] se apresentaram à polícia e estão presos.
Em depoimento à delegada Maria Selma, titular da 16ª Delegacia e responsável pelo caso, o motorista do caminhão disse que não socorreu o empresário porque não poderia deixar de recolher o lixo. “Eu perguntei ‘por quê foi que o senhor não socorreu?’. Ele disse ‘Ah, porque eu não podia deixar de coletar o lixo para socorrer o rapaz’. Aí eu falei: ‘mas o rapaz estava desfalecido’. ‘Ah, mas a gente pediu para um porteiro chamar a Samu’, disse o motorista.
Segundo a delegada, o motorista disse ainda que o motivo das agressões foi porque os garis teriam sido ofendidos pelo empresário, pois o grupo teria passado com o veículo muito perto da vítima, que estava a pé.
“Disse [o motorista] que o rapaz estava andando e o caminhão passou muito ‘rente’ a ele. Então disse que, no momento, ele bateu e fez ‘oh, você não tá vendo eu aqui?’, e falou assim, tipo um palavrão. Aí o motorista falou ‘me deixa trabalhar em paz’. Mas você sabe como são essas coisas, né. Aí ficaram nervosos, foram pra cima do rapaz, né. Depois de uns cinco minutos que aconteceu violência, que a vítima caiu ao chão, desfalecido, eles entraram no caminhão, saíram coletando o lixo e deixaram ele lá”, disse a delegada.
Conforme a polícia, a Justiça determinou, ainda na segunda-feira (11), a prisão temporária dos quatro garis envolvidos no crime. A prisão temporária tem um prazo de um mês e pode ser prorrogada por mais um, caso a polícia considere que precisa de mais tempo para fechar o inquérito. Após esse prazo, a polícia pode solicitar a prisão preventiva do suspeitos, que podem ficar detidos por tempo indeterminado.
Imagens
O vídeo mostra o momento em que o caminhão de lixo para e os garis descem, mas o motorista continua dentro do veículo. As agressões acontecem no canto esquerdo da tela. Em seguida, os garis sobem no caminhão, a vítima fica caída no chão e os homens seguem com a coleta.
A rota do caminhão é acompanhada pela empresa responsável pela coleta de lixo e por meio desse registro foi possível saber o horário que o veículo parou na Rua Rua Engenheiro Adhemar de Fontes, onde ocorreu o crime. As agressões que empresário sofreu ocorreram por cerca de cinco minutos, entre 0h45 e 0h50.
A polícia chegou até os suspeitos, depois de entrar em contato com a empresa responsável pela coleta de lixo. O motorista, que estava trabalhando, foi conduzido pelos policiais para a delegacia, já os três garis, se apresentaram com a presença de advogados. A delegada pediu a prisão temporária dos quatro.
Caso
Luciano Rodrigues Vieira, de 43 anos, teve a morte morte cerebral constatada no domingo (10), no Hospital Geral do Estado (HGE). Ele foi levado para a unidade de saúde pelo Samu, após a PM atender a uma denúncia de espancamento e acionar o serviço de urgência. Ele era economista e empresário, dono de uma delicatessen na capital baiana.
Luciano foi encontrado ferido na madrugada do sábado, na Rua Engenheiro Adhemar de Fontes. De acordo com a polícia, a última vez que Luciano foi visto com vida foi na noite de sexta-feira (8), por volta das 22h, em um bar também no bairro da Pituba, antes de ser achado com sinais de espancamento.
Após confirmação da morte de Luciano, a família dele optou por doar os órgãos do empresário. A vítima foi enterrada na tarde de segunda-feira (11), no cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Brotas. Ele deixou três filhos.