Dez novos casos de pacientes com Candida auris, fungo resistente a medicamentos e responsável por infecções hospitalares, foram registrados na Bahia. Eles foram detectados após o primeiro registro, em dezembro de 2020, em um paciente que fazia tratamento da Covid-19 em um hospital de Salvador.
Esses dez novos pacientes estavam na mesma unidade hospitalar onde o primeiro caso foi descoberto. O nome do hospital não foi divulgado, assim como o estado de saúde das pessoas, que já foram tratadas.
De acordo com o médico infectologista Antônio Bandeira, em uma parte dos pacientes, o Candida auris foi identificado após coleta de material.
“Nós temos um total, depois de uma investigação bastante extensa, de 11 pacientes. Foi o primeiro paciente e mais 10 pacientes. Desses 11, cinco pacientes tiveram culturas clínicas, foram fungos identificados no sangue, na urina ou em cateteres centrais. E a gente teve outros seis pacientes, que foram descobertos através do que a gente chama de cultura de vigilância, que é quando se cultiva a porção da pele dessas pessoas, para ver se elas estão colonizadas”, explicou.
O infectologista explicou ainda que houve uma grande investigação na unidade hospitalar, além de um trabalho de contenção para evitar proliferação do fungo. Ainda segundo Bandeira, não há relatos sobre o Candida auris em outras partes do país.
“Ocorreu por conta de uma grande investigação, que envolveu mais de 400 culturas de ambientes, de pacientes e de profissionais de saúde. Foi através dessa extensa busca que se chegou ao número de 11 [pacientes] e não se avançou mais. Não há relatos desse fungo em outras partes do país, assim como em nenhum outro hospital. Então mostra que o hospital vem fazendo um tratamento excelente de contenção, para evitar que, não só não se espalhe dentro do hospital, como para outros hospitais”.
Bandeira explica que o Candida auris é considerado um “superfungo” porque ele pode causar infecções graves e tem uma fácil capacidade de disseminação.
“Esse superfungo pode causar infecções sistêmicas graves. Ele pode penetrar na corrente sanguínea e causar sepse e óbitos. E a grande característica dele, diferente de outros do mesmo gênero de Candida, é que esse fungo tem a capacidade de se disseminar como uma bactéria. Normalmente, os fungos não têm essa capacidade de passar de um paciente para o outro”.
O infectologista detalhou que, apesar do Candida auris ser de difícil tratamento, por se tratar de um fungo resistente a medicações antibióticas, ele foi
“Uma característica importante dessa Candida auris é que frequentemente ela é resistente a muitos dos tratamentos que nós utilizamos para tratar infecções fúngicas. Então isso faz com que alguns pacientes contaminados com esse fungo não tenham condições terapêuticas. No caso desse fungo na Bahia, ele ainda não manifestou esse tipo de alta resistência, então ele pôde ser tratado com medicações usuais”.
Fonte G1/Bahia