Caminhoneiros bloquearam, na manhã desta segunda-feira (1º), duas pistas da Rodovia Castello Branco, na altura de Barueri, em São Paulo. O protesto, iniciado às 6h, mira o governador João Doria (PSDB) e ocorre no dia em que setores da categoria prometeram iniciar uma greve pelo país.
A interdição iniciou no km 30, sentido capital da rodovia, e seguiu com uma caminhada pelas duas pistas da direita da Castello Branco. As demais faixas seguem liberadas para a passagem dos veículos. O grupo promete caminhar até um terminal da Petrobras, no km 19,5.
Não há registro de bloqueio em outras rodovias de São Paulo até o momento.
Esse ato, segundo as lideranças, foi organizado por autônomos e reivindica a redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e questiona o pagamento de “pedágios abusivos”, afirmou o líder Claudinei Habacuque.
As pautas da manifestação na Castello Branco, porém, são diferentes das apresentadas pelas entidades que organizam a greve, que tem como principal bandeira a alta do preço de combustíveis.
Em nota, o Ministério da Infraestrutura e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informaram que até as 7h “todas as rodovias federais, concedidas ou sob gestão do DNIT, encontram-se com o livre fluxo de veículos, não havendo nenhum ponto de retenção total ou parcial”.
CAMINHONEIROS PROMETEM GREVE NESTA SEGUNDA
Entidades que representam caminhoneiros prometeram iniciar a greve na segunda-feira (1º) para pressionar o governo federal a negociar uma pauta com dez exigências, em uma tentativa de repetir o movimento que, em 2018, parou o país por 11 dias e deu origem à tabela de preços mínimos para os fretes rodoviários.
A realização da paralisação, no entanto, não é consenso na categoria, e enfrenta oposição em grupos patronais e do setor produtivo.
Prestes a começar o escoamento das safras de milho e soja, o agronegócio -que apoiou o movimento de 2018- diz que obstruir a logística neste momento seria irresponsável.
Pelo menos quatro entidades anunciaram participação e estão convocando caminhoneiros a não pegar a estrada na semana que vem.
Para os que estiverem fora de suas cidades, os sindicatos, confederações e associações estão sugerindo que os motoristas busquem postos de parada, encostem os caminhões e conversem com outros. Lideranças dizem acreditar que em até três dias conseguirão que 80% dos motoristas autônomos deixem suas boleias e participem da mobilização.
Confirmaram adesão à greve CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas), criado no ano passado, CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), ANTB (Associação Nacional de Transporte no Brasil) e Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores).
A pauta de reivindicações traz questões como a necessidade de um marco regulatório do transporte e de uma jornada de trabalho para esse tipo de função.
Entre as lideranças, porém, são listados como “a gota d’água” para a mobilização marcada a falta de efetividade da aplicação do piso mínimo de frete, o preço do óleo diesel e as regras para a aposentadoria de motoristas -somente os que conduzem material inflamável conseguem enquadramento especial junto ao INSS. Falta também fiscalização da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para o cumprimento do piso do frete, dizem.
Os motoristas alegam que o piso não é um tabelamento, mas uma garantia de que os custos mínimos da viagem serão pagos.
Para os grupos contrários à paralisação, o momento é inoportuno.
A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) divulgou nota em que diz reconhecer as dificuldades enfrentadas pelos motoristas, mas descarta a paralisação devido à “delicada realidade que o país está passando”.
Até entre os que participaram do movimento anterior há discordância quanto à paralisação.
Na sexta (29), um operador de exportações disse à Reuters que a greve preocupa, mas que as informações que chegam ao setor são de que o movimento não terá a mesma força, pois não tem o apoio da sociedade para realizar bloqueios.
As reivindicações, afirmam, são justas, mas o momento é inoportuno.
Grupos patronais, como a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística e a CNT (Confederação Nacional do Transporte) também divulgaram notas contrárias à paralisação.
O Ministério da Infraestrutura disse, em nota, que tem uma agenda permanente de diálogo com as principais entidades representativas da categoria por meio do Fórum do Transporte Rodoviário de Cargas.
Fonte: Redação Yahoo Notícias