Brian Krzanich deixou a Intel nesta semana, depois de a empresa ter entendido que ele violou uma política interna por ter mantido uma relação afetiva com uma funcionária. A gestão do executivo foi entre os anos de 2013 e 2018, um período turbulento e repleto de casos emblemáticos na história da companhia.
Depois de ter perdido a onda dos smartphones, campo que ARM e Qualcomm dominaram e hoje são quase onipresentes nos smartphones Android (exceto em modelos de Samsung que têm variantes com processadores Exynos, de fabricação própria), a Intel mudou seu ciclo de atualização de processadores devido à dificuldade de desenvolvimento de processadores com transistores com distâncias menores do que 14 nanômetros–cada um equivale a um milionésimo de milímetro–entre si.
Antes, havia o Tick-Tock. Em uma geração, a empresa usava uma nova tecnologia de miniaturização. Na seguinte, ela melhorava seus processadores com uma nova arquitetura e maior eficiência energética. Esse ciclo era mantido no período de 14 a 24 meses. Porém, desde 2015, com a linha Skylake, a companhia ficou no processo de litografia de 14 nanômetros. Isso mudou, parcialmente, apenas em maio de 2018, com Core i3-8121UA, em um modelo de notebook da linha Ideapad, da Lenovo. Porém, a produção em grande escala desses novos processadores ficou para 2019.
Enquanto isso, a IBM, por exemplo, já trabalha em processadores de 7 nanômetros, segundo o jornal americano The New York Times.
Outro problema para a Intel surgiu recentemente. A Bloomberg reportou em abril que a Apple planeja parar de usar processadores Intel em 2020. Em vez de depender de outras empresas, a companhia liderada por Tim Cook vai fabricar seus próprios processadores para os MacBooks e iMacs. Isso tem a ver com as diferenças entre os ciclos de renovação de compra propostos pelas empresas. A Apple tem ritmo acelerado e quer que os consumidores comprem novos produtos a cada dois ou três anos. A Intel, por outro lado, trabalha com um período de troca de cinco anos, como indica o The Verge.
Em meio a tudo isso, houve ainda as falhas Meltdown e Spectre, que afetavam, em nível de hardware, a grande maioria dos processadores feitos nos últimos 20 anos. Elas permitiam que hackers conseguissem acesso à memória de computadores. Por atualizações de firmware, a empresa minimizou o problemas, mas especialistas indicam que o problema só poderia mesmo ser resolvido com um novo hardware.
Em projetos de longo prazo, a Intel tem iniciativas voltadas à Internet das Coisas, tendência de colocar sensores e processadores em produtos tipicamente sem conexão com a internet, projetos baseados em blockchain e em 5G.
A Intel ainda não escolheu um CEO definitivo para ocupar a posição de Brian Krzanich, mas o próximo líder da companhia terá que lidar com um cenário de desafios e incertezas.
Fonte: Exame.com