O primeiro domingo de agosto de 2021 foi marcado por manifestações espalhadas por todo o país, a favor do voto auditável impresso. As principais ruas de cidades como Campo Grande, Belo Horizonte e Rio de Janeiro foram tomadas por eleitores que anseiam por maior transparência e segurança nas eleições de seus representantes políticos.
O advogado Inácio Lins, de 36 anos, saiu de Arniqueiras, no DF, em direção à Esplanada dos Ministérios, para apoiar a aprovação da PEC 135/19, que estabelece a execução do voto auditável impresso. Segundo ele, a medida representa um ato de democracia.
“Transparência é um direito básico. Democracia é quando a vontade da maioria é prevalecida e respeitada. Por isso, estamos aqui apoiando o voto impresso, pela dignidade do povo brasileiro, pela dignidade da sua vontade e respeito à nossa pátria”, destaca.
Jairo Eliezer, aposentado de 56 anos, também foi às ruas manifestar sua vontade sobre a aprovação do voto impresso. Na avaliação do morador de Vicente Pires, no DF, esta é a única forma de se comprovar o voto no candidato escolhido pelo eleitor.
“Eu estou aqui a favor de ter o direito de conferir para onde o meu voto foi. É a mesma coisa de ir ao banco, sacar R$ 500 e não conferir aquele dinheiro na boca do caixa. Depois, quando for questionar que só recebeu R$ 450, não cabe mais essa reivindicação”, exemplifica.
Quem também participou do ato foi o funcionário público aposentado. Luiz Carlos Dysarz, de 60 anos, morador de Brasília. Segundo ele, “a principal reivindicação da manifestação popular democrática e pacífica é em prol do voto impresso e auditável. É uma ferramenta a mais para dar transparência à população brasileira. A avaliação com relação ao STF e TSE são questionáveis”, pontuou.
Atos em todo o Brasil
As manifestações deste domingo (1°) ocorreram em praticamente todas as capitais e em cidades do interior de todas as regiões do país. No Sudeste, por exemplo, houve atos em cerca de 40 cidades, entre elas Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Vila Velha, localizada na Região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo.
Morador de Uberlândia (MG), Valmiro Mariano foi à manifestação pró-voto impresso realizada no município. O autônomo defende que a escolha do voto é livre, mas o eleitor ainda carece de certeza sobre a apuração, já que em todas as eleições há suspeitas de alterações nos resultados.
“O Brasil e o mundo já sabem que votação tem que ser explícita para quem vota. O povo tem direito de tomar conhecimento daquilo que ele escolhe. O povo também tem o direito de conferir. E a única forma de usar esse direito é por meio do voto impresso”, considera.
Já no Sul brasileiro, o povo foi às ruas nas três capitais e em diversas cidades do interior. No estado do Paraná, por exemplo, eleitores a favor do voto impresso ecoaram gritos de transparência nos pleitos em Curitiba, Cascavel, Londrina, Maringá e Pato Branco, entre outros municípios. No Rio Grande do Sul, pelo menos 15 cidades contaram com as manifestações.
No Centro-Oeste, por sua vez, houve manifestação em Brasília, Goiânia, Campo Grande e Cuiabá. Já na região Nordeste, cidades como Salvador, João Pessoa, Fortaleza, Teresina, Recife e Natal registraram manifestações a favor do voto impresso e contra críticas feitas por partidos políticos, TSE e STF ao presidente Jair Bolsonaro. No Norte, as manifestações ocorreram em Boa Vista, Belém, Macapá e Manaus.
PEC do voto impresso auditável
Os manifestantes foram às ruas neste domingo reivindicar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição do Voto Impresso Auditável, (PEC 135/19), que está sob análise da Câmara dos Deputados.
O texto determina que os votos registrados nas urnas eletrônicas sejam impressos em cédulas de papel. Após conferidos pelos eleitores, devem ser automaticamente depositados em urnas lacradas para fins de auditoria. O argumento de segurança, neste caso, se baseia, entre outros pontos, nas vulnerabilidades dos sistemas computacionais.
A matéria é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e por seus apoiadores. Atualmente, a proposta se encontra na comissão especial da Câmara criada para debater o tema.
A PEC havia sido derrubada pouco antes de os parlamentares entrarem no recesso legislativo. No entanto, por meio de um ato regimental, a base do governo conseguiu adiar a votação para depois da volta dos deputados aos trabalhos na Câmara, a partir desta segunda-feira (2). A expectativa é de que o texto seja votado na quinta-feira (5).
Fonte: Brasil 61