Enquanto nas prateleiras dos mercados o preço da carne está nas alturas, no campo, os valores recuaram alguns reais. Isso porque as vendas do Brasil para a China foram suspensas, após dois casos atípicos de vaca louca notificados em Minas Gerais e Mato Grosso.
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) já informou que as ocorrências não representam risco para a cadeia de produção bovina brasileira. Mesmo assim, a China mantém o veto há 47 dias
1. Por que o preço da carne caiu nas zonas rurais?
A cotação do boi gordo recuou depois que a China parou de comprar carne bovina do Brasil, no dia 4 de setembro.
O país asiático importa quase metade das cerca de 2 milhões toneladas de carne que o Brasil envia a outros países, por ano e, portanto, todo movimento que a nação faz facilmente afeta nossos preços.
No início de setembro, quando ocorreu a suspensão, a cotação estava em torno de R$ 305, chegando a bater recorde em junho (R$ 322).
2. A queda vai chegar aos supermercados?
Nos supermercados ainda não se sabe se a queda vai chegar.
Mas, no estado de São Paulo, por exemplo, o preço no atacado já caiu porque uma parte do que seria embarcada para a China foi despachada para o mercado interno, conta o analista da Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, que acompanha o setor.
Ele ressalta, entretanto, que a maioria da carne bovina ainda está parada em câmaras frias nos frigoríficos e em contêineres em portos, sem previsão de destino.
No varejo da cidade de São Paulo, entretanto, o preço da carne continua em alta. O produto subiu 0,62% na segunda semana de outubro, após ter avançado 0,42% na semana imediatamente anterior, mostram dados da Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O analista Guilherme Moreira, coordenador do IPC, diz que, após a suspensão da China, no dia 4 de setembro, a proteína bovina começou a ter leves recuos, que já foram revertidos neste mês. “Então, se houve impacto, foi bem pouco. Na verdade, pode ter evitado novas altas”, diz.
3. E no longo prazo, como fica?
Por outro lado, o analista diz que, se a suspensão da China se estender por muito mais tempo, a tendência é que os frigoríficos comecem a colocar mais carne no mercado interno. Com mais proteína disponível, a tendência seria os preços caírem.
Na terça (20), o Ministério da Agricultura determinou que os frigoríficos habilitados para exportar para a China suspendam a produção para o país, o que sinalizou, para os analistas, que a paralisação do comércio pode durar mais.
“Não tem outro consumidor mundial que consegue comprar em quantidade e preço o que a China compra do Brasil. Então essa carne vai acabar indo para o mercado interno e o preço pode recuar de forma mais significativa”, ressalta Iglesias.
Fonte G1