A recente explosão das internações infantis por Covid supera em muito a curva geral de aumento durante a onda associada à variante ômicron no Brasil.
Levantamento da Folha com dados do Ministério da Saúde revela que o número de crianças menores de 12 anos hospitalizadas com complicações da doença saltou de 284 em dezembro para 2.232 em janeiro. Uma escalada de 686%.
Desde o início da pandemia, o Brasil ainda não havia visto tantas internações pediátricas por Covid em um só mês. Foram 70% a mais em relação a janeiro do ano passado e 11% acima de março, pico dos atendimentos no país em todas as faixas etárias.
Entre as demais idades, que concentram a maioria da população, a alta de dezembro para janeiro foi proporcionalmente menor, de 395%. As hospitalizações de adolescentes e adultos subiram de 7.399 para 36,6 mil, puxadas especialmente pelos idosos.
Apesar do aumento expressivo, essa quantidade é bem inferior aos 95,8 mil atendimentos em janeiro do ano passado e aos 228,3 mil registrados em março, no auge da pandemia. Praticamente uma em cada dez internações por Covid na faixa de 0 a 11 anos no Brasil ocorreu em janeiro de 2022. Segundo especialistas, a principal explicação é a falta de cobertura vacinal nesse público.
Autorizada em 16 de dezembro pela Anvisa para as crianças de cinco anos ou mais e iniciada oficialmente em 14 de janeiro, a campanha de imunização começou em ritmo lento. Até segunda-feira (14), data da última atualização dos registros de internações, 28% das crianças elegíveis tinham recebido a primeira dose, de acordo com dados das secretarias estaduais de Saúde coletados pelo consórcio dos veículos de imprensa formado por Folha, UOL, O Globo, G1, O Estado de S. Paulo e Extra.
Entre os brasileiros adultos, 94% estavam protegidos com o primeiro ciclo completo (duas doses ou o imunizante de aplicação única). “Observamos um aumento impressionante, seguramente relacionado à dinâmica de transmissão. É como uma batalha, em que o vírus quer sobreviver e procura os lugares onde será menos atacado. Hoje, o nicho mais vulnerável são justamente as crianças”, explica Raphael Guimarães, pesquisador do Observatório Covid-19 da Fiocruz.
Fonte BNews