A área ocupada pela agropecuária no Brasil cresceu 16,5 milhões de hectares de 2006 a 2017, o que equivale a 5% do total do território nacional. Apesar do aumento, foi verificada maior concentração de propriedade. Havia 5,17 milhões de unidades em 2006 contra 5,07 milhões em 2017, uma redução de 2%.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) como resultado preliminar do Censo Agro 2017. Entre os endereços visitados, 6.582 (0,13%) ainda não responderam. Outros três mil questionários ainda passam por análise e 1.123 se referem à empresas ou grandes produtores. A divulgação final do Censo está prevista para junho de 2019.
Em 11 anos, o desemprego no setor agropecuário aumentou com a queda de 1,5 milhão do total de trabalhadores nas propriedades rurais. Por outro lado, ainda segundo o instituto, o número de tratores cresceu em quase 50%.
Segundo o técnico do IBGE, Antônio Florido, os números ainda precisam ser analisados, mas são consequências de uma evolução natural e tecnológica do país.
“Nós estamos usando só questões de número, mas há muita coisa a ser analisada. Então, você passa a ter necessidade de mecanização para ganhar em eficiência, ganhar em menos custo de mão de obra. Você observa os dados históricos do Censo: a mão de obra vem diminuindo, a mecanização vai subindo. Isso é em toda a atividade econômica, não é só na agropecuária”.
Já o número de produtoras mulheres no setor cresceu de 12,7% para 18,6%, o que, segundo a pesquisa, é resultado do envelhecimento da população em geral. Há casos, inclusive, de mulheres casadas com produtores que já não conseguem mais cuidar das terras.
O Censo revela ainda que a produção agropecuária mudou. Houve aumento total de 1,6 milhão (20,4%) no número de produtores que utilizam agrotóxico. Florido explica que a preocupação se relaciona à utilização dos materiais e se os trabalhadores recebem o auxílio necessário para a aplicação desses produtos.
“Se eu estou aplicando com eficiência, dentro da tecnologia, como foi desenvolvido para ser aplicado, um produto aplicado com o seu tempo de perda de atividade. Quer dizer, você ter um produto sendo aplicado para melancia, por exemplo, e é aplicado na alface, que não pode, ai é um problema sério. Agora, é isso que está acontecendo? É isso que tem que ser avaliado”.
Dentre os estados do país, Pará e Mato Grosso foram os que mais cresceram em território agropecuário. O aumento nas terras paraenses ocorreu, principalmente, em áreas de pastagens, enquanto no Mato Grosso, em lavouras. A região Nordeste sofreu a maior queda em dimensão territorial do setor.
Fonte: Clara Sasse