O Plano de Contingência Municipal para lidar com possíveis infecções por varíola dos macacos (Monkeypox) em Salvador foi apresentado na manhã desta quarta-feira (3), pelo secretário de Saúde (SMS), Décio Martins, em coletiva virtual. A iniciativa tem por objetivo promover ações de detecção, tratamento, resposta, monitoramento e mitigação de modo oportuno e eficaz diante da suspeição e confirmação de casos da doença no município.
O secretário explicou que a SMS já aplica na capital baiana os protocolos de prevenção e cuidados com a doença. “Temos nove casos confirmados em Salvador, com quatro deles já curados, devido ao protocolo preventivo implementado na rede. Ainda há outros 43 casos em análise, aguardando resultado. Seguimos a determinação do Ministério da Saúde, que define os principais procedimentos, os cuidados médicos e demais ações de como proceder. Por enquanto os casos na cidade são considerados leves, mas sabemos que a prevenção é a melhor opção para evitar o aumento do contágio”, disse Martins.
O gestor anunciou ainda que já há na rede municipal ações sendo implementadas, a fim de conter a propagação da doença. “Nossa rede de emergência está altamente capacitada para atender estas pessoas infectadas e, a partir da segunda-feira (8), passaremos a ofertar 28 unidades para atendimento e coleta dos exames de pessoas com suspeita da doença”.
A orientação para pessoas com suspeita ou confirmação do caso é de isolamento, para a a própria proteção e a de pessoas próximas. Tendo contato com infectados ou suspeitos de infecção, é necessário o uso da máscara cirúrgica, além de cuidados constantes de higiene. A transmissão por meio sexual ocorre em alguns casos, mas não apenas desta forma.
“Em relação às vacinas, o ministério anunciou que irá comprar cerca de 50 mil doses. Então, aguardamos as informações sobre público-alvo e demais detalhes para imunização Em caso de agravamento da doença, o que não está ocorrendo, vamos atuar em cima dos sintomas”, concluiu Martins.
Casos – Até o último dia 1º de agosto, Salvador apresentou um total de 67 casos notificados. Destes, nove (13,4%) confirmados, 15 (22,4%) descartados e 43 (64,1%) em investigação.
Ações – O plano de ação dispõe de 28 unidades básicas de referência para atendimento e coleta laboratorial. Além disso, a rede de atenção contará com 16 unidades de urgência e emergência Para facilitar o acesso às informações, a lista de unidades básicas de referência para atendimento e a coleta será publicada no site oficial da SMS e Prefeitura e mídias sociais com atualização periódica.
O fluxo de atendimento da rede de atenção básica para casos suspeitos da varíola dos macacos também foi definido. Pacientes com algum dos sintomas devem se encaminhar a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Após a definição do caso como “Suspeito”, “Provável” ou “Confirmado”, o paciente é encaminhado para isolamento e, com a ocorrência de sinais de gravidade, em geral para grupos de risco, é realizada a internação hospitalar. Para aqueles cuja gravidade não for constatada, a indicação será para isolamento domiciliar.
Neste processo também será realizado o rastreamento de contatos próximos, a fim de descobrir novos possíveis infectados. Haverá ainda etapas de monitoramento e reavaliação clínica dos casos detectados.
Sintomas e definições – Os sintomas mais frequentes da varíola dos macacos são febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos, calafrios e exaustão. A erupção geralmente se desenvolve no período de 1 a 3 dias após a febre. Os casos recentemente detectados apresentaram uma preponderância de lesões na área genital. A erupção cutânea passa por diferentes estágios e pode se parecer com varicela ou sífilis, antes de finalmente formar uma crosta, que depois cai.
Considerada como uma doença autolimitada, a varíola dos macacos apresenta sintomas que duram de 2 a 4 semanas. Seu período de incubação vai de 6 a 13 dias, podendo variar de 5 a 21 dias. A transmissão de humano para humano pode resultar de contato próximo com fluidos corporais, lesões na pele de uma pessoa infectada ou objetos e superfícies recentemente contaminadas.
As autoridades sanitárias afirmam ainda que a transmissão também pode ocorrer através da placenta da mãe para o feto (o que pode levar à varíola congênita) ou durante o contato próximo durante e após o nascimento. Já a transmissão de animal para humano (zoonótica), por sua vez, pode ocorrer por contato direto com sangue, fluidos corporais ou lesões cutâneas ou mucosas de animais infectados.
Ainda não existem medicamentos antivirais específicos ou vacina contra a infecção. As medidas de suporte devem ser implementadas de acordo com a sintomatologia dos usuários e indicação médica. Como forma de prevenção coletiva é sugerida a realização de atividades de educação e comunicação em saúde; lavagem das mãos com água e sabão ou utilizar álcool a 70%; e utilização de máscara cirúrgica de acordo com os protocolos.
Além disso, é necessário evitar tocar olhos, nariz e boca; evitar contato físico próximo com as pessoas; reduzir o número de parceiros (as) sexuais e realizar etiqueta respiratória. No caso de pessoas com varíola dos macacos, é essencial manter isolamento domiciliar; evitar tocar nas feridas e levar as mãos à boca e/ou aos olhos; evitar romper as bolhas; realizar a higienização da pele e das lesões com água e sabão; e limpar e desinfetar objetos e superfícies.
Classificação – Será definido como caso “Provável” o paciente que obtiver resultado laboratorial detectável para o vírus da varíola dos macacos a partir de diagnóstico molecular (PCR em tempo real e/ou sequenciamento). A definição de caso “Confirmado” se aplicará aos suspeitos com resultado laboratorial “Negativo/Não Detectável”, também por diagnóstico molecular.
Serão tratados por “Descartada” a notificação realizada a partir de caso suspeito de forma imediata por todos os profissionais de saúde, públicos ou privados. Os casos devem ser notificados na ficha disponibilizada pela Secretaria Municipal de Salvador através do site do CIEVS Salvador: www.cievs.saude.salvador.ba.gov.br/notificacao-de-casos-suspeitos-de-monkeypox/
Varíola – A varíola dos macacos (Monkeypox) é uma doença viral com sintomas semelhantes aos casos ocorridos de varíola no passado, embora menos graves. Endêmica em alguns países da África Central e Ocidental, apesar do nome, os primatas não humanos não são reservatórios do vírus da varíola. As principais complicações são infecções secundárias, infecções respiratórias, infecções generalizadas, encefalite e infecção da córnea com consequente perda de visão.
Fonte: Secom Salvador