A ideia surgiu de uma curiosidade da estudante Yasmin Pereira, aluna do curso Técnico em Informática para Internet do Novo Ensino Médio SESI SENAI de Feira de Santana. Ela queria saber mais sobre como funciona o processo de aprendizagem e estudar os princípios da neurociência. Somando aos conhecimentos desenvolvidos no Programa de Iniciação Científica do SESI e os estímulos das aulas de Mundo do Trabalho do SENAI, surgiu a solução AprendizAGE.
A proposta evoluiu e Yasmin se juntou a mais duas colegas, Maria Júlia Almeida e Kailane Lima, para formar uma equipe e criar uma startup na área de educação tecnológica (EdTech). A ideia das meninas: estimular o empreendedorismo em sala de aula. Juntas, elas tomaram a iniciativa de se inscrever no Start SFB e conquistaram recentemente o 3º lugar na competição de empreendedorismo realizada pelo Sistema Farias Brito. Também se inscreveram no InspiraTech, uma competição do Sebrae de estímulo à criação de startups.
A proposta do AprendizAGE parte do desafio de transformar professores e alunos em protagonistas que Aprendem, Lideram, Inovam, Criam e Empreendem (ALICE), por meio de uma plataforma de trilhas de aprendizagem emocional, formuladas por um método único e embasado pela neurociência.
INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Além da premiação, na qual a equipe se inscreveu, o projeto também participou pelo SESI de feiras de ciência, já que Yasmin também faz parte da iniciação científica na Escola SESI José Carvalho, de Feira de Santana. O projeto foi um dos selecionados para participar da Feira Brasileira de Jovens Cientistas 2022 (FBJC), ocorrida em junho, e conquistou os participantes ficando em 2º lugar na votação popular. Agora o projeto estava pleiteando vaga para a Feira Brasileira de Iniciação Científica (FEBIC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Iniciação Científica.
Yasmin conta como encontrou no SESI e no SENAI os apoios necessários para avançar na formatação do projeto AprendizAGE. “O fato de estar no SENAI, no curso técnico, e no SESI, participando da Iniciação Científica, pude contar com o apoio dos professores e orientadores para encontrar meu caminho”, explica Yasmin.
Ela conta que com a iniciação científica foi eliminando etapas, amadurecendo ideias e melhorando o plano de pesquisa até focar na proposta que resultou no AprendizAge. Para ter este norte e evitar se dispersar entre os seus diversos interesses de estudo, ela teve o apoio dos professores-orientadores Marcus Aurélio Campos e Ana Lúcia Vilaronga na parte metodológica.
STARTUP
Mas foi no SENAI, nas aulas de Mundo do Trabalho, no 1º ano do ensino médio, com a instrutora Lucivânia Cintra Carneiro que surgiu o projeto de criar uma startup. “No ano passado, nós trabalhamos com os estudantes as competências socioemocionais e estimulei os alunos ao desafio de desenvolver uma empresa do futuro. Eles precisavam criar uma solução adequada às inteligências emocionais de 2030”, explica a professora. Foi o suficiente para despertar o interesse de Yasmin, que já era apaixonada pelo tema.
O objetivo da disciplina, conta Lucivânia, era desenvolver nos alunos as competências socioemoionais, a capacidade de trabalho em equipe, resolução de problema, hierarquia, dinamismo, criatividade e capacidade de inovação. “O projeto tinha potencial e Yasmin resolveu dar continuidade na iniciação científica do SESI. Quando voltou para a parte específica no 2º ano do ensino médio do SENAI, que envolve programação, desenvolvimento de sistemas, ela fez a integração”, explica Lucivânia, que passou a ser a orientadora do projeto da aluna no SENAI.
Lucivânia elogia o entusiasmo de Yasmin e destaca o gosto dela por assuntos relacionados à aprendizagem e neurociência. Na avaliação da professora, a disciplina Mundo do Trabalho conseguiu instigar a curiosidade dela sobre o processo de aprendizagem. “Quando apresentamos a proposta, a gente percebeu que ela naturalmente já tinha muito conhecimento, pois tem um perfil de autodidata, e a equipe abraçou a inciativa”.
EMPREENDEDORISMO ESTUDANTIL
A experiência mostra, na opinião de Lucivânia, que este casamento entre ensino técnico com o regular pode trazer parcerias que podem impactar nas escolhas e no futuro profissional dos alunos. “O Novo Ensino Médio traz esta perspectiva que considero um pilar muito interessante, o do empreendedorismo estudantil. Nós esperamos reforçar no aluno que ele consiga através do conhecimento fazer transformações para a sociedade e realizar seus sonhos. Yasmin sonha em ser médica e projeto dela casa com esta perspectiva”, explica.
A coordenadora do Itinerário de Projetos do SENAI Bahia, Fernanda Mikulski, lembra que a jornada de projetos dos cursos do SENAI tem como objetivo promover o empreendedorismo, a criatividade e a cultura de inovação por meio do desenvolvimento de negócios inovadores desde a concepção, planejamento, execução até a apresentação e negociação com possíveis investidores, que é o próximo passo do ALICE. “Nosso maior objetivo é que as ideias dos alunos possam ter visibilidade nacional e possam gerar impactos positivos para a vida das pessoas”, acrescenta Mikulski.
“Esta experiência me permite ser integralmente eu, vivendo os 5 pilares do ALICE. E a formação SESI/SENAI é a base para que eu possa desenvolver isso”, conta Alice, adiantando os próximos passos: realizar uma pesquisa de mercado para ouvir as pessoas e ver se a solução atende e continuar desenvolvendo a pesquisa o base na neurociência cognitiva comportamental para desenvolvimento aprendizagem”, conta Yasmin.
O professor Marcus Aurélio Campos e a professora Ana Lúcia Vilaronga, da Escola SESI José Carvalho, explicam que Yasmin entrou para a Iniciação Científica este ano e eles têm contribuído para ajudar a estudante a encontrar um ponto norteador para que ela avance nas pesquisas, seguindo a metodologia científica. “Ela tinha várias ideias, mas não sabia com que trabalhar de fato. Começamos a trabalhar as etapas da Iniciação Científica, na qual a gente mostra ao estudante como ele pode organizar as ideias. Nosso papel foi ajudar Yasmin a organizar as ideias e modelar o projeto”, explica o professor.
Foi assim que ela conseguiu se habilitar para a FBJC e está em busca de vaga para a FEBIC. O projeto de Yasmin também vai ser submetido, em outubro, pela Escola SESI, na lista de projetos da escola que vão para a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace).
A trajetória de Yamin e sua equipe está apenas no começo. “Nosso sonho é o desenvolvimento de uma plataforma acessível para professores e alunos desenvolverem suas habilidades emocionais, através de trilhas de aprendizagens, baseadas em conhecimentos neurocientíficos”, conta Yasmin, explicando que o projeto ainda está em fase de protótipo.
Fonte: Federação das Indústrias do Estado da Bahia – Sistema FIEB