A velha promessa de que o WhatsApp seria totalmente gratuito, feita na ocasião da aquisição do aplicativo pelo Facebook, acaba de cair oficialmente por terra, pelo menos para as empresas. Nesta quarta-feira (01), a gigante digital confirmou os planos de monetização do aplicativo de mensagens, que devem atingir os usuários de sua plataforma voltada para negócios.
O WhatsApp Business foi revelado há alguns meses como uma forma mais direta de contato entre clientes e companhias. Agora, os interessados nela poderão realizar anúncios em meio aos Stories dos contatos dos usuários comuns, além de pagarem uma pequena taxa por cada mensagem trocada com os clientes para fins de suporte, atendimento, vendas e outros.
No caso dos Stories, a mecânica será semelhante à vista no Instagram, com as publicações patrocinadas aparecendo entre aquelas realizadas pelos usuários comuns. O WhatsApp aposta nesta como a principal forma de uma empresa divulgar sua presença na plataforma – como os anúncios serão exibidos de acordo com algoritmos de interesse, as companhias que aparecerão ali, pelo menos em teoria, serão relevantes aos utilizadores.
Hoje, são 450 milhões de usuários do recurso (um total maior até mesmo que o do próprio Instagram, que conta com 400 milhões). Foi justamente essa popularidade que levou o WhatsApp a apostar nos Stories como uma ferramenta de monetização, já que essa medida foi bem aceita na rede social de imagens e é considerada pouco invasiva, devido à rapidez e efemeridade das publicações.
Na sequência, as empresas que desejarem realizar o contato direto com clientes pelo WhatsApp pagarão taxas por mensagem. Elas vão variar de país para país, de acordo com a moeda local – enquanto os preços para o Brasil não foram divulgados, os envios no Reino Unido, por exemplo, custarão £ 0,05, enquanto nos EUA, o valor será de US$ 0,09. Em uma conversão direta, o custo varia entre R$ 0,25 e R$ 0,35.
De acordo com o Facebook, cerca de 100 empresas de todo o mundo estão testando a função. A Uber, por exemplo, tem utilizado o recurso corporativo para contato direto com motoristas, inclusive no Brasil, enquanto a Singapore Airlines e o e-commerce Wish usam a plataforma para alertas a clientes ou atendimento direto.
O WhatsApp aproveitou o anúncio da monetização para revelar que os mesmos protocolos de criptografia usados nas mensagens normais também se aplicam às comunicações corporativas, o que significa que nem mesmo a própria companhia pode ler o conteúdo dos textos. Entretanto, o mensageiro afirma que as empresas podem usar seus próprios meios para armazenar as comunicações, para fins de registro ou uso em novas campanhas, sem que o Facebook tenha qualquer responsabilidade sobre isso.
Por fim, a companhia anunciou que os usuários comuns do WhatsApp poderão optar por não receberem as mensagens publicitárias. Assim, eles não verão os anúncios exibidos nos Stories nem os textos de marketing ativo enviados pelas companhias, retendo apenas a possibilidade de entrar em contato direto com elas para atendimento e solicitações.
Grande racha
A proposta de monetização do WhatsApp teria causado uma quebra entre a diretoria do Facebook e os cofundadores do mensageiro, Jan Koum e Brian Acton. Foram justamente essas novidades que levaram à saída da dupla em 2017, com o software, hoje, permanecendo sem nenhum de seus fundadores originais.
Originalmente, o WhatsApp funcionava com um sistema de download e utilização gratuita, com uma pequena taxa tendo de ser paga após o primeiro ano de uso, na forma de uma licença vitalícia para os usuários. O fim dessa cobrança foi uma das primeiras medidas tomadas pelo Facebook após comprar o mensageiro, em 2014. Agora, quatro anos depois, chegam as primeiras iniciativas de monetização para a plataforma.
A ideia de cobrar apenas das empresas, entretanto, foi bem-vista por parte da imprensa internacional. O temor, entretanto, é que o avanço de tais medidas possa levar, no futuro, à exibição de propagandas entre o conteúdo comum, como acontece no Instagram ou no próprio Facebook, uma possibilidade invasiva e esquisita para um software voltado para comunicação pessoal. Por outro lado, tamanha popularidade exige suporte e equipes de desenvolvimento, que precisam receber para trabalhar, o que faz com que a obtenção de lucros oriundos do WhatsApp seja uma necessidade das grandes.
Fonte: The Wall Street Journal