O indicador antecedente da Boa Vista de Movimento do Comércio, que acompanha o desempenho das vendas no varejo em todo o território nacional, registrou queda de 0,7% entre os meses de agosto e setembro, na análise dos dados dessazonalizados, encerrando o terceiro trimestre com recuo de 0,3% frente ao trimestre imediatamente anterior.
Na série de dados originais o indicador subiu 0,6% na comparação interanual, mas encerrou o 3º trimestre de 2022 em queda de 1,1% em comparação ao 3° trimestre de 2021. A alta em relação a setembro de 2021, contudo, fez com que o resultado acumulado no ano, estável até agosto, fosse de alta de 0,1%. Já na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, a desaceleração da queda, algo que já era esperado, foi nítida, passando de -1,6% para -1,0% entre agosto e setembro.
O 3º trimestre costuma ser mais fraco e as duas quedas mensais consecutivas – lembrando que em agosto o indicador havia recuado 0,4% -, corroboram isso, mas a expectativa é de que os resultados do 4º trimestre apontem para outra direção.
“Depois de um terceiro trimestre fraco, o indicador tende a se recuperar até o final do ano. De um lado, vemos que a renda média real em agosto já estava num nível acima da média do 4º trimestre do ano passado. O número de pessoas empregadas é maior, a taxa de desemprego é menor, os auxílios são maiores e a inflação está desacelerando, nos últimos três meses, de julho a setembro, houve deflação, fatores que devem ter efeito positivo sobre as vendas. De outro, o rápido aumento observado na taxa de inadimplência das famílias e os juros podem pesar um pouco contra o varejo, ainda mais quando falamos de produtos mais caros e que requerem algum parcelamento, mas não devem impedir uma virada nesse final de ano, até porque a base de comparação é mais fraca. No último trimestre do ano passado o indicador havia caído 3,4% em comparação ao 4º trimestre de 2020, e o efeito de um evento sazonal considerável como é a Copa do Mundo também não pode ser descartado”, diz o economista da Boa Vista, Flávio Calife.
Fonte: Liliana Liberato