Nenhuma aldeia indígena está localizada na cidade de Feira de Santana – a maior parte delas está nas regiões norte e sul do estado. Apesar disso, por ser o segundo maior da Bahia, o município que fica a cerca de 100 km de Salvador, concentra uma população de mais de 1,1 mil indígenas.
Parte deles são estudantes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), a primeira do Brasil a oferecer uma residência apenas para indígenas e auxílio financeiro, segundo a coordenadora pró-reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis (PROPAAE), Renata Dias Souza.
Ainda de acordo com a coordenadora, 61 estudantes autodeclarados estão com matrícula ativa no semestre de 2023.1. Eles estão distribuídos em mais de 10 cursos como Direito, Engenharias, Agronomia, Medicina, Odontologia, Pedagogia, Psicologia e muito mais.
“Essa vivência mais próxima faz com que toda a comunidade educativa se habitue com as particularidades de cada povo indígena. Hoje é normal os professores receberem documentos do pagé, do líder espiritual, explicando que o estudante vai precisar se ausentar para participar de rituais religiosos”, detalhou coodenadora.
As políticas afirmativas na Uefs começaram em 2007, quando foi criada a residência para estudantes indígenas.
A demanda surgiu de um grupo de alunos que não se sentia confortável em compartilhar a residência com pessoas não autodeclaradas indígenas. Para a estudante de agronomia, Cris Truká, natural de Cabrobró, em Pernambuco, morar com outros indígenas é importante para manter a saúde mental e as tradições vivas.
Apesar de considerar a residência um avanço no ramo das políticas públicas para os indígenas nas universidades, Cris Truká pontua que muitos pontos ainda devem ser explorados pela instituição – e por tantas outras Brasil afora – para que a vivência dos indígenas seja mais próxima do ideal.
Fonte g1/Bahia