Pacientes podem agir completamente diferente dependendo de cada personalidade dominante no momento.
Pouco conhecido pela maioria da população e associado a questões espirituais, o Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) tem atraído atenção de profissionais da psicologia e psiquiatria, que buscam entender e tratar essa condição complexa. O TDI, anteriormente conhecido como Transtorno de Personalidade Múltipla, é uma condição caracterizada por uma fragmentação da identidade, levando a diferentes personalidades ou partes que controlam o comportamento de uma pessoa. Em muitos casos, essa condição está ligada a traumas e experiências intensas vivenciadas durante a infância.
Quem assistiu ao filme Fragmentado (2016), tem uma ideia do que sejam essas diferentes personalidades ou sistemas, como preferem ser denominados, dentro de um só corpo. O que parecia apenas ficção para alguns, é realidade para outros. Segundo o psicólogo Matheus Butinhone, apesar do diagnóstico ser realizado por uma equipe multidisciplinar, a abordagem psicológica desempenha um papel fundamental no tratamento do TDI. “A terapia é uma ferramenta essencial para ajudar o indivíduo a entender, gerenciar e integrar suas diferentes partes”, afirma. Ele destaca que a criação de um ambiente seguro e de confiança é crucial para que as diferentes personalidades possam se comunicar e trabalhar juntas.
Uma das abordagens utilizadas é a terapia cognitivo-comportamental (TCC) amplamente utilizada no tratamento de uma variedade de distúrbios psicológicos, incluindo o Transtorno de Dissociação de Identidade (TDI). “É importante entender que cada parte tem sua própria história, emoções e necessidades”, explica Mateus. “Através da TCC, podemos compreender as interações entre pensamentos, emoções e comportamentos, buscando identificar padrões disfuncionais e substituí-los por estratégias mais saudáveis”. Traumas passados, muitas vezes, estão na raiz da fragmentação da identidade, e a terapia focada em processar essas memórias traumáticas pode ajudar a diminuir a intensidade dos sintomas dissociativos.
O professor também ressalta a importância das técnicas de regulação emocional no tratamento. “Essas técnicas auxiliam a pessoa a desenvolver a capacidade de lidar com as emoções e estados internos de forma mais equilibrada, ajudando a reduzir os momentos de dissocição”, enfatiza. É fundamental que o tratamento do TDI seja conduzido por profissionais experientes e bem treinados. “A complexidade do transtorno exige uma abordagem sensível e adaptada às necessidades individuais. Cada caso é único, e é necessário criar um plano de tratamento personalizado”, destaca o psicólogo que é professor do curso de Psicologia do Centro Universitário de Excelência – Unex, em Feira de Santana.
Em um panorama em que a compreensão e o apoio a distúrbios dissociativos estão em constante evolução, a abordagem terapêutica pela psicologia surge como uma luz orientadora para indivíduos que buscam a integração e a cura. O trabalho dos profissionais destaca a importância de um olhar cuidadoso e especializado para auxiliar aqueles que vivenciam o TDI em sua jornada de recuperação.
Fonte: Lorena Souza