Já imaginou Salvador sem a praia do Porto da Barra? Que tal percorrer as ruas da região da Cidade Baixa a bordo de um barco? E como pensar em um Pelourinho vazio em pleno verão, entre o meio da manhã e o início da tarde, por causa das altas temperaturas? Essas são algumas situações que a capital baiana pode enfrentar no próximo século, de acordo com pesquisadores, devido ao aquecimento global e eventos climáticos extremos.
Neste mês de março, em que é celebrado o aniversário de 475 anos da capital baiana, o g1 conversou com pesquisadores para saber o que esperar do futuro na cidade no âmbito do meio ambiente, e suas consequências.
Aumento do nível do mar, praias sem faixa de areia, desaparecimento de pontos importantes, ondas de calor frequentes e grande volume de chuvas em curto espaço de tempo estão entre os impactos previstos pela ciência. Mas o que tudo isso significa, na prática? Como lidar com esses fenômenos?
O que é o aquecimento global?
O aquecimento global é referente a uma elevação considerável da temperatura na Terra. O professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Maria Landim, doutor em Geologia Marinha, explica que o quadro resulta do aumento da concentração de CO2, o gás carbônico, na atmosfera. Esse é um gás de efeito estufa, que retém o calor.
“É um cenário que eleva a temperatura média do planeta e gera vários tipos de ameaças”, afirma. Outros gases de efeito estufa são o metano e o óxido nitroso, no entanto, o CO2 é o principal causador do problema. Ele é produzido, sobretudo, através da queima de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo.
Em Salvador, o setor de transportes é responsável por 74% da emissão de gases de efeito estufa, seguido pelo de resíduos, com 8%. Os 18% restantes são divididos entre edifícios residenciais e comerciais, além de indústrias. Os dados são do Inventário de Emissão de Gases de Efeito Estufa realizado pela Organização Não Governamental (ONG) Iclei – Governos Locais para a Sustentabilidade, em parceria com a prefeitura municipal.
Conforme a Agência Meteorológica da Organização das Nações Unidas (ONU), o planeta tem atualmente a maior concentração de gás carbônico já registrada na atmosfera, fato considerado como uma “emergência climática” pelo órgão.
O ano de 2023 foi o mais quente dos últimos 100 mil anos na Terra, segundo informações divulgadas no início de 2024 pelo observatório europeu Copernicus. O levantamento indica que a temperatura média aumentou 1,48°C, acima do nível da era pré-industrial, entre 1850 e 1900.
No Acordo de Paris, assinado em 2015 na França, o Brasil se comprometeu a adotar esforços para reduzir a emissão de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com uma contribuição subsequente de queda 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. Além disso, o país tenta manter o aumento de temperatura em até 1,5°C nos próximos anos.
Fonte g1