Uma sessão especial debateu, com a participação de especialistas, a incidência de automutilação, depressão e suicídio entre jovens, na tarde de quinta-feira (15), no Legislativo baiano. A iniciativa, proposta em conjunto pelos deputados José de Arimateia e Jurailton Santos, ambos do PRB, trouxe o tema em função da celebração do Dia Internacional da Juventude, ocorrido dia 12 de agosto.
Em função de agenda em Brasília, José de Arimateia não pode estar presente, mas solicitou ao outro colega proponente que lesse texto endereçado aos presentes. Nele, o republicano mostra sua preocupação com os números alarmantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), registros que preveem, por exemplo, que um em cada cinco jovens, até 2020, terá depressão. Também fez um apelo pela aprovação de projeto de lei (nº 20.852/2014), de sua autoria, que institui, no âmbito da administração direta, autarquias e fundações estaduais, o Programa Jovem Aprendiz.
Jurailton Santos apresentou ao plenário, inclusive com uso de vídeo, a campanha ‘Basta de automutilação, depressão e suicídio’. Encabeçada por seu mandato, reúne ações de conscientização, com atos, palestras e panfletagens em bairros de Salvador e outros municípios baianos. A sessão especial contou com apresentações do grupo de cultura Força Jovem Universal, abordando as temáticas do evento. O deputado trouxe dados do Ministério da Saúde que colocam o Nordeste como a terceira região do país em casos notificados de automutilação. “De acordo com a Sesab, nos últimos 10 anos, mais de 550 adolescentes foram atendidos na rede pública baiana após cometerem a autolesão”, revelou Jurailton.
Entretanto – como ressalvou ele próprio e a convidada Marinês Marques, mestra em Saúde Pública – é consenso entre especialistas que esses números estão subnotificados. Segundo Marinês, a depressão é uma ‘epidemia silenciosa’, que se tornará a doença mais incapacitante do planeta até 2020. “O IBGE já mostra que a Bahia é um dos estados onde a depressão mais incapacita, no Brasil são 11,5 milhões de pessoas que sofrem com a doença”, relatou. Ela citou como avanço recente a Lei nº 13.819, de 26 de abril desse ano, que criou a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio (PNPAS); um dos pontos é a notificação compulsória pelos estabelecimentos de saúde.
“Temos na Bahia uma dor que não se escuta, tão grande que leva uma pessoa ao suicídio por dia”, relatou a psicóloga Dinalva Cardoso, acrescentando que, na sua maioria, são jovens de 15 a 29 anos. A profissional lamentou que o suicídio ainda seja um tabu na sociedade e parabenizou a discussão do tema na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), desejando que o tema esteja sempre em discussão e não apenas no mês destinado a ele, o ‘setembro amarelo’.
O deputado Capitão Alden (PSL) alertou para o número de suicídios que tem ocorrido na capital baiana, refletindo sobre a necessidade de medidas preventivas. “Salvador configura-se na terceira capital em maior número de suicídios no Brasil”, disse o parlamentar. Ele discorreu sobre a ausência de telas de proteção em locais públicos de grande circulação de pessoas, como passarelas e viadutos, informando que já tramita na Casa um projeto de lei (nº 23.066/2019), de sua autoria, para que o Governo do Estado instale redes ou gaiolas de proteção nesses locais.
Representando o Governo do Estado, a coordenadora de Juventude da Secretaria estadual de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Fernanda Sampaio, elogiou a iniciativa, sugerindo que os deputados Jurailton e Arimateia promovam uma audiência pública sobre as temáticas, abrindo possibilidade para ouvir a sociedade e outros segmentos. Já o coordenador de Juventude da Secretaria de política para as Mulheres, Infância e Juventude de Salvador, Bruno Moreno, que representou a secretária municipal Rogéria Santos, defendeu mais oportunidades para os jovens, citando seu próprio exemplo e trajetória, iniciada com um estágio no serviço de sonorização da ALBA.
Também presente à sessão, o líder do governo, deputado Rosemberg Pinto (PT), parabenizou os proponentes da sessão pela atualidade dos temas. O petista defendeu que seu enfrentamento tem ser através de uma política de Estado. “Só há dois caminhos: no campo da espiritualidade, Deus; no campo da materialidade, a política. Nós temos que juntar aquilo que a gente acredita do ponto de vista espiritual, mas sem abrir mão de debater a política para solução dos problemas materiais”, pregou.
Também compuseram a mesa da sessão: os vereadores de Salvador, Isnard Araújo, e de Simões Filho, José Arnoldo; o especialista em direitos da Criança e do Adolescente, Marcus Magalhães; o professor e advogado Jackson Lessa; o diretor de bem-estar estudantil da Faculdade Adventista da Bahia, Herbert Cadeira; o Pr. Walterley Macedo; e o coordenador do Força Jovem Universal (FJU), Pr. Caio Dantas.
Fonte: Ascom – ALBA