O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, apresentou ontem números sobre o combate ao crime organizado e sugeriu alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro na área. A manifestação, feita em seu perfil nas redes sociais, veio depois de uma crise envolvendo declarações de Bolsonaro sobre a recriação do Ministério da Segurança Pública, atualmente sob o guarda-chuva da pasta de Moro.
O ex-juiz da Lava Jato indicou que vai manter a agenda de visibilidade, acentuada na semana passada. O ministro deverá conceder hoje entrevista ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan. Na segunda-feira passada, Moro participou do Roda Vida, da TV Cultura, que bateu recorde de audiência em 12 meses. A entrevista foi vista por mais de 1,5 milhão de pessoas no canal do programa no YouTube.
Nos posts, ele também defendeu a transferência de chefes de facções a presídios federais – medida tomada em sua gestão que desagradou a governadores e respectivos secretários de Segurança Pública. “342 criminosos perigosos foram transferidos aos presídios federais em 2019. Ao final do ano, eram 624, recorde histórico. Pela lei anticrime, todas as conversas com visitantes são gravadas, o que reduz a possibilidade do envio de ordens para a prática de crimes lá fora”, disse Moro, citando a lei que entrou em vigor na quinta-feira.
A crise entre Moro e Bolsonaro chegou ao fim anteontem, quando o presidente recuou da ideia de desmembrar o Ministério da Justiça, após forte reação contrária de quem interpretou a medida como uma forma de esvaziar a atuação do ministro no governo. Para aliados de Moro, Bolsonaro quis dar uma “alfinetada” nele por sua participação no Roda Viva. Para assessores do presidente, o ex-juiz não defendeu Bolsonaro com a “ênfase esperada” no programa. O nome de Alberto Fraga – ex-deputado federal, amigo e interlocutor do presidente – apareceu em primeiro lugar na bolsa de apostas para assumir a nova pasta.
A possibilidade de desmembrar a pasta de Moro foi levantada na quarta-feira, quando secretários estaduais de Segurança, em reunião com Bolsonaro, apresentaram suas demandas, entre elas a recriação da pasta de Segurança. Após o encontro, o presidente anunciou publicamente apenas essa sugestão, o que foi interpretado pelos secretários como um endosso de Bolsonaro à ideia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.