O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta segunda-feira (30) que o governo pedirá ajuda às comunidades espalhadas pelo país para cadastrar os trabalhadores informais a quem será pago o auxílio de R$ 600 durante a crise do coronavírus.
O projeto que prevê o auxílio foi aprovado pela Câmara na semana passada e deve ser analisado pelo Senado nesta segunda.
Mansueto disse que o governo pretende usar toda a rede de assistência social e a experiência de programas públicos de instituições como o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministério da Cidadania para incluir os informais no chamado Cadastro Único.
Isso poderá ser feito por meio de Caixa Econômica Federal. De acordo com o Tesouro, “todos os mecanismos” para encontrar essas pessoas serão utilizados.
“Parte [dos informais] já está no Cadastro Único. Parte não é cadastrada. Tem de incentivar e pedir ajuda das comunidades para o cadastramento de vulneráveis no Cadastro Único. É desafio, uma operação de guerra”, disse o secretário do Tesouro.
O pagamento dos valores, disse Mansueto, pode ser feito via conta bancária para quem possui. “Tem pessoas que ter um cartão para receber bolsa família. Tem gente na informalidade que em uma ‘maquininha’ [de pagamento]. Tem de usar todo ‘know how'”, concluiu.
Valor
O presidente Jair Bolsonaro vem afirmando, nos últimos dias, que teme os efeitos das medidas de isolamento social, adotadas por governadores de diversos estados, na economia. O isolamento é uma determinação de autoridades sanitárias, como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da SAúde (OMS), para conter o avanço do vírus.
Um dos argumentos de Bolsonaro é que os trabalhadores informais ficarão sem renda enquanto durarem as medidas, o que poderia gerar graves problemas sociais.
Na entrevista desta segunda, Mansueto foi questionado se o governo não pensa em aumentar o valor do auxílio para os informais. Ele disse que esse montante não é “tão pequeno para a realidade do Brasil’.
“Vamos lembrar que estamos em um país que 54% das pessoas que tem carteira assinada ganham menos de R$ 2 mil por mês. Metade das pessoas que tem carteira assinada. O programa social mais importante, mais bem avaliado e elogiado por todas instituições internacionais, é o Bolsa Família, cujo pagamento médio é inferior a R$ 200”, disse ele.
Acrescentou que o programa aprovado de R$ 600 por mês para trabalhadores na informalidade, e também para pessoas que recebem alguma transferência do governo, “parece um programa adequado”.
“É muito maior do que se pensou inicialmente. Não vai resolver o problema de desigualdade e miséria do Brasil, mas aí é um problema estrutural, e é outra questão”, concluiu o secretário do Tesouro.
Fonte G1