Milhares de investidores e usuários de redes sociais passaram os últimos dias ouvindo a história de Bettina, 22, que, em três anos, transformou R$ 1.520 em R$ 1,042 milhão. Ela aparece em um anúncio virtual da Empiricus, casa de análise que se apresenta como site de conteúdo financeiro. Bettina existe.
Trata-se de Bettina Rudolph. Ela trabalha há um ano na Empiricus Research como “copywritter”, é redatora de campanhas de venda dos relatórios da empresa. A mais recente, e que a transformou em uma celebridade da internet, foi feita com base na carteira de investimentos dela.
Mas Bettina não sabe quanto efetivamente investiu para chegar ao seu primeiro milhão -não foram só os R$ 1.520 anunciados, é claro. “Não sei, porque foi mês a mês. Nunca parei para fazer essa conta”, diz em sua primeira entrevista sobre a polêmica “de R$ 1 mil a R$ 1 milhão em três anos”. Antes, falou a outros sites vinculados ao grupo que controla a Empiricus.Quando investe, uma pessoa tende a querer saber qual foi o lucro obtido com a aplicação. No caso Bettina, não se sabe qual foi o retorno dos investimentos.
Ela conta que poupa cerca de metade do salário todos os meses. Bônus, quase 100%. Após os R$ 1.520, aplicou os R$ 35 mil que o pai poupou para ela desde que nasceu.” Eu tinha privilégio, sim, eu não pagava a conta de luz, eu não pagava escola. Eu pegava toda a minha fonte de renda e colocava em ações”, diz.
Como comparação, entre junho de 2016, quando Bettina começou, e esta segunda-feira (18), o Ibovespa, o principal índice do mercado acionário, subiu 104%. Já a debênture ela carrega até hoje -com decepção, afirma. “Eu fiz o erro de comprar uma debênture que eu só vou poder resgatar neste ano. Quando eu fui colocar esse dinheiro, meu pai falou ‘vai nessa que é uma boa’. Eu não sabia que ia ficar preso esse dinheiro”, diz.” Eu não gosto de correr risco de crédito privado. A minha parte de renda fixa, eu quero ter só em título público e deixar para correr risco em ações”.
Atualmente, a carteira de Bettina é bem mais diversificada. Metade do milhão está aplicada em títulos públicos, sendo o valor dividido de forma mais ou menos equivalente entre Tesouro Selic e Tesouro IPCA+. A carteira tem ainda as ações compradas no passado, quatro fundos de ação, três ETFs (fundos que seguem índice, como o Ibovespa). Ela tem também dinheiro em fundos multimercado e imobiliários. Em criptomoedas, investiu US$ 1.000 em março do ano passado: perdeu 60% do valor, mas não vai se desfazer do investimento.
A mudança feita no portfólio fará com que o patrimônio cresça em uma velocidade mais devagar daqui para frente, admite. Ela reclama que atualmente não pode comprar ações individualmente, apenas por meio de fundos. Uma imposição por trabalhar na Empiricus, o que evita conflitos de interesse. Parte do investimento passado ela mantém. “De uma carteira de 30 e poucas ações, eu perdi dinheiro com uma só. Foi a Technos.” Comprou a pouco mais de R$ 4, vendeu por R$ 3. Atualmente o papel é negociado a R$ 2,38.
Fonte: Noticias ao Minuto