O número de registros de inadimplentes avançou 4,5% no terceiro trimestre contra o trimestre imediatamente anterior, segundo dados dessazonalizados da Boa Vista, que abrangem todo território nacional. O resultado do período ocorre após o indicador apontar alta de 2,1% em setembro na comparação com agosto, também na série livre dos efeitos sazonais.
No acumulado do ano foi verificado um aumento de 16,3% no número de registros em comparação ao mesmo período do ano passado. Já com relação ao terceiro trimestre de 2021, houve elevação de 25,4% entre julho e setembro do ano corrente. Na comparação interanual a alta foi de 31,3% contra setembro do ano anterior.
Com esse desempenho, a alta no resultado acumulado em 12 meses acelerou e passou de 12,3% em agosto para 15,3% na aferição atual. O forte avanço do indicador na variação interanual novamente contribuiu para intensificar a tendência de crescimento da curva de longo prazo, medida pela análise acumulada em 12 meses, que também vem sendo influenciada pelos aumentos expressivos observados nas variações trimestrais e no acumulado do ano.
“Em setembro o indicador voltou a subir e somou o terceiro avanço mensal consecutivo, refletindo mais uma vez a dificuldade das famílias em honrar com seus compromissos em dia. A melhora observada no mercado de trabalho ao longo dos últimos meses e o alívio da pressão inflacionária não foram suficientes até aqui para conter o avanço no número de registros”, analisa Flávio Calife, economista da Boa Vista.
Isto está refletido no aumento da taxa de inadimplência das famílias divulgada pelo Banco Central, que em agosto já superou o pico observado em maio de 2020 (5,62% x 5,60%). A tendência de alta nos registros ainda é forte e deve ser mantida até o final do ano em função do baixo nível de renda real dos trabalhadores e dos juros maiores.
Recuperação de Crédito do Consumidor
Já o Indicador de Recuperação de Crédito da Boa Vista avançou 0,9% na comparação mensal e encerrou o terceiro trimestre com crescimento de 1,2%, de acordo com dados dessazonalizados. Em relação ao mês de setembro do ano passado o indicador ainda registra variação expressiva, elevação de 18,5%, o que contribuiu para acelerar a alta nos resultados acumulados. No ano, o ritmo de crescimento passou de 10,2% para 11,1% entre os meses de agosto e setembro, enquanto no acumulado em 12 meses a alta atingiu 8,9%, ante 7,3%.
“Vale lembrar ainda que parte desse aumento no mês e nas análises acumuladas acaba sendo reflexo do aumento no fluxo de inadimplentes, que tem sido forte. Desta forma, é possível que o indicador continue nessa tendência no decorrer do 4º trimestre, uma vez que o indicador de registros de inadimplentes não sinaliza estar próximo de um ponto de inflexão”, finaliza o economista da Boa Vista.
Fonte: Liliana Liberato