O candidato do PSL à presidência da República, Jair Bolsonaro, disse nesta sexta-feira (28) que não vai aceitar o resultado da eleição se ele não for o vencedor. “Pelo que eu vejo nas ruas, não aceito resultado das eleições diferente da minha eleição”, afirmou Bolsonaro em entrevista ao jornalista José Luiz Datena.
A entrevista foi gravada no quarto onde Bolsonaro está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e exibida no programa “Brasil Urgente”, da Band, ontem a noite.
Datena perguntou:
“Em uma hipótese em que o PT vença o senhor e faça o [Fernando] Haddad presidente da República, as instituições militares aceitariam tacitamente?”
Bolsonaro respondeu: “Eu não posso falar pelos comandantes militares. Respeito todos eles. Pelo que eu vejo nas ruas, eu não aceito resultado das eleições diferente da minha eleição”.
Datena: “Isso é ponto de vista fechado?”
Bolsonaro: “Fechado.”
Datena: “Mas isso não é antidemocrático?”
Bolsonaro: “Não. É um sistema eleitoral que não existe em nenhum lugar do mundo. Eu apresentei um antídoto para isso. A senhora Raquel Dodge [procuradora-geral da República] questionou. O argumento dela, Datena, é que a impressão dos votos comprometeria a segurança das eleições. Pelo amor de Deus. Inclusive estava acertado que em 5% das seções teríamos impressão do voto”.
Fraude
Bolsonaro também disse: “Não confiamos em nada no Brasil. Até concurso da Mega Sena a gente desconfia de fraude. Estou desconfiando de alguns profissionais dentro do TSE”.
Questionado se haveria chance de o PT ganhar as eleições, Bolsonaro afirmou: “Só na fraude. Lamentavelmente não temos como auditar as eleições. Não existe outra maneira que não seja na fraude. Quando Lula ia para a rua era hostilizado. Não existe essa história. Será que o Lula preso vai transferir a mesma quantidade de votos para Haddad que transferiu para Dilma?”
“Haddad é um poste do Lula. Tá na cara que se Haddad ganhar as eleições vai dar um indulto ao Lula e ele vai ser ministro da defesa ou Casa Civil”, disse o candidato.
Bolsonaro disse também que não acredita em pesquisas eleitorais. “Não acredito em pesquisas. O que vejo nas ruas e como me tratam em aeroporto e como me tratam os outros não pode estar acontecendo. Não vejo eleitor de Marina, de outros candidatos. Lançaram uma campanha #ELENAO. Vocês vão votar em quem?”
Vice Mourão
Bolsonaro afirmou que o seu candidato a vice-presidente, general Hamilton Mourão, não vai mais participar de agendas públicas nem dar entrevistas até a eleição.
A determinação, segundo Bolsonaro, foi dada depois da repercussão de declarações dadas por Mourão nesta quarta-feira (26) em evento no Rio Grande do Sul. Em palestra na Câmara de Dirigentes Lojistas de Uruguaiana (RS), Mourão defendeu o pensamento liberal na economia e discursou contra fatores que, segundo ele, encarecem a contratação de mão de obra. Nessa fala, ele chamou o 13º de “jabuticaba”.
A mesma determinação de não falar publicamente vale para o consultor econômico Paulo Guedes. Segundo Bolsonaro, Guedes considera que suas frases são tiradas do contexto.