Os principais beneficiados pelo Cadastro Positivo têm menos de 30 anos, segundo informações do Banco Central divulgadas neste sábado (20). A faixa etária foi a que mais conseguiu acesso ao crédito, com taxas possivelmente menores, nas instituições financeiras e lojas varejistas.
O Cadastro Positivo foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019 e começou a valer no início do ano passado. Ele é um banco de dados que reúne informações sobre todos os pagamentos realizados pelos consumidores.
Para construir o Cadastro Positivo, as instituições financeiras, o comércio, as concessionárias de serviços de água, luz, telefone, por exemplo, coletam os dados das pessoas e das empresas e enviam para os chamados “bureaus de crédito” como SPC e Serasa.
Esses “bureaus” criaram uma pontuação. Quanto mais alta, maior é a possibilidade de acesso ao crédito com taxas de juros diferenciadas.
De acordo com o Banco Central, o Cadastro Positivo gerou uma mudança média na situação de 59% dos clientes bancários, que passaram para uma faixa de risco menor de crédito do que eles possuíam anteriormente. Ao mesmo tempo, porém, outros 16% migraram para um patamar mais elevado.
Ainda, segundo o BC, as instituições não financeiras, como, por exemplo, lojas do comércio varejista, já realizam mais consultas ao Cadastro Positivo do que aos bancos.
“O Cadastro Positivo já é uma realidade (…) A base de dados [do Cadastro Positivo] já é imensa de pessoas com ‘score’ de crédito”, afirmou o diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso.
Cadastro Positivo X Open Banking
Damaso avaliou também que o Cadastro Positivo será mais importante, na avaliação do risco de crédito pelos bancos, do que o chamado Open Banking.
O diretor de Regulação do BC considera que o Open Banking vai muito além do “score” de crédito dos clientes, buscando personalizar serviços bancários. Ele será uma plataforma, desenvolvida pelos participantes do sistema financeiro com regulamentação do governo e supervisão do BC, a fim de permitir que os clientes possam compartilhar dados bancários e históricos de transação com bancos e “fintechs” (pequenas empresas de tecnologia em serviços financeiros).
“Mas nessa parte do score de crédito, [o Open Banking] é mais limitado do que o Cadastro Positivo. Porque o Cadastro Positivo, além da informação do sistema financeiro, de pagamento, pega informações de contas de energia, água, saneamento, telefonia. Então, ele tem um escopo muito maior do que o Open banking para a operação de crédito propriamente dita”, explicou Damaso.
Em 15 de dezembro, as instituições financeiras passarão a compartilhar dados sobre investimentos, serviços relacionados a câmbio, credenciamento, seguros e previdência.
Damaso disse também que o Open Banking e o Cadastro Positivo serão usados de forma complementar pelas instituições financeiras na hora de conceder crédito.
“A economia brasileira, que está passando por um processo de inclusão financeira grande nos últimos anos, é relevante. A relação do cliente com a empresa de água, luz, telefone, as vezes não tem com instituição financeira. Pois muitas vezes não tem [acesso ao] crédito. As duas coisas são complementares”, explicou.
Fonte G1