A questão da greve dos caminhoneiros é polêmica, e nem seria o papel deste blog analisar os argumentos contra e a favor, que são muitos. Mas como observatório do futuro da mobilidade, AutoBuzz analisa nesta semana o ritmo de testes de caminhões autônomos, que em última instância vão representar o fim dessa profissão, hoje tão crucial à sociedade e à economia – e ao mesmo tempo repleta de dificuldades e desafios para os bravos motoristas profissionais.
Sim, a profissão “caminhoneiro” será coisa do passado em algum momento antes da metade deste século. Começará pelo transporte rodoviário, e depois deverá chegar ao transporte urbano de cargas. Isso será realidade em países mais desenvolvidos, provavelmente por volta de 2030. No Brasil, talvez com uma década de atraso, mas o fim dos caminhões , como são hoje em dia, será inevitável.
Caminhoneiros, como professores de latim, datilógrafos e reveladores de filmes fotográficos serão coisa do passado. Entrarão em declínio como categoria num prazo de duas décadas, assim como estão hoje jornaleiros, taxistas, entregadores de jornal, carteiros e tantas outras atividades profissionais.
Quem viu o filme “Logan”, produção recente da Marvel que mostra um Wolverine de meia-idade num futuro próximo (2029), deve se lembrar de uma cena em que o herói se envolve numa luta com um vilão em plena estrada, causando o choque de um caminhão autônomo que trafegava em alta velocidade. A tecnologia para um modelo como o do filme já é testada por várias empresas.
Primeiras iniciativas
Em 2016, um caminhão sem motorista fez uma entrega de 45 mil latas de cerveja no Colorado (EUA), percorrendo 200 km de forma totalmente autônoma. A iniciativa foi parceria da Uber com a startup Otto, e o caminhão usado foi um Volvo, dotado de três sensores de detecção a laser, um radar no para-choque e uma câmera de alta precisão acima do para- brisa.
A startup sueca Einride já testa protótipos de umcaminhão autônomo que não possui volante, pedais, cabine de motorista e nem mesmo para-brisa. O T-Pod tem propulsão elétrica e é bem curto, por não ter cabine. A Einride diz que ele pesará 20 toneladas com plena carga e poderá ser controlado por um operador humano, de forma remota. A empresa planeja entregar 200 T-Pods até 2020 numa rota entre Gotemburgo e Helsingborg.
Outra empresa que aposta firmemente nessa modalidade é a americana Tesla, que apresentou no ano passado o Tesla Semi, elétrico e autônomo. A produção em série está prevista para 2019, mas os testes já começaram em vias isoladas da Califórnia.
Pensa que o Brasil está forma dessa onda? Longe disso! Desde 2015 a Scania desenvolve tecnologias para caminhões autônomos em parceria com a Universidade de São Paulo. “Mas e o desemprego de todos esses trabalhadores?”, você pode estar se questionando. Assim é o desenvolvimento da sociedade contemporânea. Funções se vão, outras surgem para compensar.
Dificilmente caminhões rodarão com motoristas a bordo num futuro não tão distante. Mas poderão ter a bordo um monitor que zele pela segurança do caminhão autônomo, do controle da carga e do descarregamento no final da jornada. Ou mesmo monitores a distância, controlando toda a logística.
Portanto, se alguma categoria parar o Brasil na metade deste século, não serão os poucos caminhoneiros restantes, muito menos os robôs- caminhões . Quem sabe os controladores logísticos e monitores, descontentes com as condições de trabalho, ou as transportadoras indignadas com o custo da energia elétrica…
Fonte: IG