Fundamentado nas matrizes que construíram a nossa história, expressadas através das danças e musicalidade dos blocos afro e dos afoxés, na alegria e no gingado do samba, na força e balanço do reggae, que integram o Carnaval Ouro Negro em 2020. Com a diversidade de gerações e de ritmos que ocupam os palcos do Carnaval do Pelô, e que ainda toma conta das ruas mantendo a tradição que une os foliões no Centro Histórico. Por meio destes projetos de grande participação comunitária e popular, o Carnaval da Cultura, que integra o Carnaval da Bahia, do Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura, dá continuidade às políticas de preservação e democratização na maior folia do mundo, que segue colorida, diversa e com o espírito folião que contagia todo baiano.
Durante cinco dias de folia, o Carnaval do Pelô promove encontros no palco principal, reunindo gerações e nomes que à primeira vista podem parecer contrastar, porém no palco demonstram integração e sintonia. Os largos Pedro Archanjo, Tereza Batista e Quincas Berro D’Água unem as diferentes tribos, com uma grande diversidade de ritmos e atrações. Pelas ruas o clima é de carnaval das antigas, subindo e descendo na companhia das bandas e performances. E para completar a festa, vibrando com as comemorações dos 70 Anos do Trio Elétrico, o folião pipoca vai atrás dos microtrios e nanotrios, que encantam com criatividade e os sons dos diversos carnavais.
Os shows selecionados pelo Projeto Três Artistas começam no sábado (22) de folia, e começa com um encontro potente entre expoentes da música brasileira contemporânea, a carioca Ava Rocha, o paulista Leo Cavalcanti e o maranhense Negro Leo. Dando continuidade, o soteropolitano Raul Seixas, que se ainda estivesse vivo completaria 75 anos no ano de 2020, é homenageado por Bruna Barreto, Irmão Carlos Psicofunk e Orí, no show Raul 75, que mergulha na sua obra. O domingo (23) convida a uma viagem no tempo pelos carnavais da Bahia, de Pernambuco e outros da região, com o show Pelô Nordeste, Janaína Carvalho, Lala Carvalho e Pedro de Rosa Morais. A história do carnaval, passando pelas marchas carnavalescas, os sambas-enredo, a guitarra baiana e o samba reggae, caracteriza o show De Chiquinha a Moraes – A História Cantada do Carnaval, com Juliana Ribeiro, Morotó Slim e Peu Meurray.
Dando continuidade aos projetos selecionados, a força e a ancestralidade das grandes Iyalorixás e Alabês inspiraram “Pradarrum – Saudação às matriarcas”, que abre a noite segunda-feira (24) no Carnaval do Pelô, reunindo as potências do percussionista e alabê baiano Gabi Guedes, do griô senegalês Doudou Rose Thiorne e da cantora e compositora brasiliense Rose Thiorne. Movidos pela paixão ao samba, os cantores Simone Mota, Mazzo Guimarães e Luciano Salvador Bahia trazem o show “Eu Sambo Mesmo”, que traz grandes homenagens a compositores baianos do gênero. Terça-feira (25), dia de encerramento do Carnaval do Pelô, um dos grandes mestres da cultura popular, o repentista Bule Bule, se reúne ao cantor, compositor e violonista santamarense Roberto Mendes e à mansa fúria de Josyara para trazer ao palco o “Som Interior – Trovas Violadas de uma Bahia Profunda”. Em seguida, o contrabaixista, compositor e arranjador Luciano Calazans, ao lado de Alexandre Vieira e Cesário Leoni, apresenta “Ivetes, Maria Brasileira”. Encerrando as apresentações do projeto três artistas, Lazzo Matumbi, Skanibais e Duda Diamba apresentam TRIUNIDADE, no qual propõem um passeio musical cheio de misturas e influências mundiais, comprovados pela experiência e trajetórias dos artistas envolvidos.
Atrações dos estilos afro, antigos carnavais, arrocha, axé, guitarra baiana, rap, reggae, samba e orquestras, selecionadas via edital, promovem a mistura que promete balançar a folia nos largos Pedro Archanjo, Tereza Batista e Quincas Berro D’Água. Samba do Vai Kem Ké, Bailinho de Quinta, Clécia Queiroz, Dionorina, Mr Armeng, Vandal, Mavi, Gal do Beco e Orquestra Fred Dantas são alguns dos destaques entre os nomes que irão movimentar os cinco dias de programação. Também tem opção para a criançada no Largo Pedro Archanjo, de sábado a terça-feira, sempre às 15h30, com os bailes infantis, que serão comandados por CadeiraDeBrin, Grupo Pé de Lata, Gatos Multicores e PUMM – Por um Mundo Melhor.
Quem ama o Carnaval do Pelô já sabe que não podem faltar os bloquinhos formados por bandinhas, bandões e grupos artísticos de performances, encantando no sobe e desce das ruas e ladeiras do Centro Histórico. Os desfiles acontecem de sábado a terça-feira, das 16h às 21h. Dentre as atrações, têm Escola de Samba Unidos de Itapuã, Folia Mamulengo, Cia de Danças e Folguedos, Filó Brincante e Paroano Sai Milhó.
A comemoração dos 70 anos do Trio Elétrico fica mais completa com a inventividade e o som contagiante dos microtrios e nanotrios que movimentam o folião pipoca. Estão dentro da folia os microtrios Banda Marana, Tuk Tuk Sonoro & Sylvia Patrícia, Los Cuatro, Rural Elétrica, Maíra Lins – Buteco Elétrico, e Microtrio Ivan Huol – Em Águas. Do lado dos nanotrios, a festa por conta de Bike Axé, Pelô Bossa Reggae, Coletivo Di Tambor e Rixô Elétrico.
O bloco afro Olodum destaca-se no ano de 2020 com um tema que exalta a força feminina, homenageando as grandes mulheres que fizeram parte da sua história de mais de 40 anos, “Mãe, Mulher, Maria, Olodum – Uma História das Mulheres”. Um momento imperdível de todo ano é a tradicional saída do bloco de sua comunidade, no Pelourinho, na sexta-feira de carnaval, movimentando o circuito Batatinha antes de seguir para a avenida. Blocos afro comandados e formados por mulheres também reafirmam a sua força nos dias de desfile. Homenageando a Mãe Stella de Oxossi, A Mulherada desfila no circuito Osmar no primeiro dia de carnaval, quinta-feira, às 17h. O bloco afro Didá, que tem um trabalho social e cultural voltado para crianças e mulheres no Centro Histórico de Salvador, acredita no tambor como base educacional, e leva seu samba reggae, que consideram uma ferramenta de transformação social, para o Carnaval Ouro Negro. O tema do desfile será “Didá Iabá Mãe Natureza Guerreira, Natureza Mãe Mulher”.
Da categoria samba, um dos destaques mais celebrados será o bloco Alvorada, com o desfile que comemora os seus 45 Anos. Bloco pioneiro de samba da folia e da sexta-feira de carnaval na capital baiana, que não existia até 1975, a agremiação levará para a avenida este ano o tema “45 anos depois”, contando sua própria história. Na quinta-feira, dia mais movimentado para os blocos de samba do Ouro Negro na avenida, o Alerta Geral abre os festejos esbanjando elegância com o chapéu Panamá. Proibido Proibir, Pagode Total, Fogueirão, Na Moral, Samba e Folia, e o Rodopiô, que integra pela primeira vez o programa, são alguns dos demais blocos contemplados.
As agremiações Reggae O Bloco e o Ska Reggae levam para a avenida um pedido de paz, em sintonia com os valores divulgados pelo ritmo jamaicano, e mantendo a tradição dos blocos de reggae, que marcam a história da folia carnavalesca.
O Afoxé Filhos de Gandhy, fundado em 1949, sendo a agremiação mais antiga contemplada pelo edital, traz para o carnaval 2020 o tema Omolú – Obaluayê, Deuses da Terra, da Doença e da Cura. O tapete branco da paz se estende na avenida, mas antes disto, no domingo, é tradição o Padê de Exú, que no Largo do Pelourinho abre os caminhos para o desfile do bloco. Entre outros afoxés contemplados este ano, os Filhos do Congo homenageiam ao Herói Negro Juliano Moreira, Pai da Psiquiatria, levando uma importante reflexão e referências históricas para o desfile.