“Eu não digo que é uma cicatriz. A gente fala dela porque já sarou. Eu estou falando de uma ferida eterna, que só existe dentro de mim. Dói na alma até hoje”. Essas são palavras de Crispim Terral, vítima de racismo por um gerente da agência da Caixa Econômica do bairro Dois de Julho, no centro de Salvador, em fevereiro deste ano.
Além dele, conforme dados do Ministério Público Estadual (MP-BA), outras 191 pessoas foram vítimas do mesmo crime, além de injúria racial, entre janeiro e 6 de novembro deste ano, na capital baiana. Com isso, a quantidade de denúncias já ultrapassa o número total registrado em todo ano de 2018, quando o órgão contabilizou 190 queixas.
Um levantamento do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, ligado à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), confirma essa tendência de crescimento dos casos. Segundo o órgão, em seis anos, as denúncias aumentaram em 1.210% no estado.
Os números começaram a ser contabilizados em 2013. Naquela época, 10 casos foram recebidos pelo centro. Em 2016, foram 90. Já em todo ano de 2018, a órgão recebeu 131 denúncias. Entre janeiro e outubro deste ano, por sua vez, 121 registros foram adicionados ao balanço.
Fonte G1