O sábado começou chuvoso em Salvador e Região Metropolitana. A chuva começou a cair ainda na noite de sexta-feira (10) e seguiu firme durante a madrugada, causando diversos pontos de alagamento, como em Lauro de Freitas, onde moradores chegaram a ser resgatados de jipe, como na Loja Maçônica, e até de barco, no bairro de Portão.
Entre as 17h da sexta e 5h deste sábado, regiões de Salvador como Nova Brasília, Pituaçu e Mussurunga foram as que enfrentaram temporais mais fortes. Moradores também relataram diversos alagamentos em Piatã. Nova Brasília, onde a chuva caiu mais intensamente, chegou a acumular 130,4 mm no período de 12 horas. A previsão é que o tempo continue chuvoso durante todo o final de semana.
Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o tempo permanecerá nublado com pancadas de chuva e possíveis trovoadas durante todo o dia.
A temperatura pode variar entre 24º e 30º C. O clima chuvoso é normal para o período, segundo explicam os meteorologistas. “Maio é um período de chuvas em Salvador, então, esse tempo é normal. Do dia 1º até agora, choveu 30,6 mm (o ponto de pesquisa fica em Ondina), quando a média do mês é de 280 mm”, afirmou Cláudia Valéria, meteorologista do Inmet.
Ocorrências na capital
Trabalhando em regime de plantão, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) registrou nesta madrugada, entre 0h e 8h deste sábado, um total de 46 solicitações.
As ocorrências foram: 30 alagamentos de imóvel, uma ameaça de desabamento, uma árvore ameaçando cair e duas árvores caídas; houve ainda um desabamento de muro, um desabamento parcial e dez deslizamentos de terra.
As equipes da Codesal permanecem de plantão 24 horas, atendendo às solicitações pelo telefone gratuito 199. “Tivemos essa madrugada muito chuvosa, e voltamos a apontar a necessidade de acionar a equipe da Codesal na perspectiva de qualquer risco”, alertou o superintendente da Defesa Civil, Sosthenes Macedo.
Lauro de Freitas debaixo d’água
A chuva também continuou castigando Lauro de Freitas, onde o Rio Ipitanga transbordou e invadiu um trecho da Estrada do Coco, onde os motoristas estão sendo obrigados a passar com cautela — pela manhã, em cada sentido, só passava um carro de cada vez.
Os transtornos na região já haviam começado nessa sexta, quando pacientes que iam a uma unidade de saúde para fazer hemodiálise ficaram presos em um carro, numa zona alagada. Eles precisaram de ajuda dos bombeiros para sair dali. Equipes do 3º Subgrupamento de Bombeiros Militar (3°SGBM) resgataram uma cadeirante e outros pacientes no local.
Depois da retirada, os bombeiros ainda observaram as condições de saúde dos resgatados e levaram os pacientes para a clínica para onde eles se dirigiam quando foram pegos pela chuva. Pacientes que estavam “ilhados” na unidade de saúde também foram socorridos pelos bombeiros, que os levaram de lá para suas residências.
Resgates de jipe
Um grupo de voluntários, a bordo de oito jipes 4×4, também se mobilizou para ajudar no resgate de pessoas ilhadas, em Vilas do Atlântico.
“A gente passou a madrugada na região. Fizemos resgate na Loja Maçônica, e resgatamos em torno de 70 pessoas. Demos prioridade a crianças e idosos. Tinha criança com febre. Depois fomos resgatando os adultos”, informou Vinicius Araújo, um dos voluntários da ação que envolveu outros nove praticantes de trilhas off road.
“Tiramos alguns carros (de moradores) desligados, e outros ainda estão por lá aguardando a água abaixar. Mas já estão todos fora de risco. Ficamos praticamente de virote, mas Lauro de Freitas foi uma situação bem crítica. Um grupo ainda continua em Lauro”, comentou ele, que só voltou para casa pela manhã.
Resgates de barco
A situação mais crítica ocorre no bairro de Portão, onde moradores registraram o resgate de vizinhos em um barco, na Travessa Mário Ogando da Silva. Ao CORREIO, a pastora evangélica Rita de Cássia dos Reis Silva explicou que os alagamentos no local são antigos, mas que piorou nos últimos anos por conta de uma obra num condomínio de luxo que fica bem ao lado.
“Todas as vezes que chove aqui, alaga. Só que não dessa maneira. A proporção agora foi muito grande e eu creio que acontece isso porque tem um condomínio, Encontro das Águas, onde quando alagava aqui, os moradores furavam o muro e a água descia. Só que há cerca de 5 anos eles fizeram uma contenção de pedras, lá, e agora não tem como a água escoar”, comentou ela, destacando a situação mais crítica para quem mora nas partes mais baixas da rua.