No primeiro encontro sob o comando do economista Roberto Campos Neto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a Selic (a taxa básica de juros da economia) em 6,50% ao ano. Com isso, a taxa permaneceu no nível mais baixo da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996. Foi a oitava manutenção consecutiva da taxa neste patamar.
Além de Campos Neto, que assumiu a presidência do BC no fim de fevereiro, estrearam no Copom os diretores de Política Monetária, Bruno Serra, e de Organização do Sistema Financeiro, João Manoel Pinho de Mello. Os três foram indicados para o BC pelo governo de Jair Bolsonaro.
Apesar dos novos nomes, a decisão era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. De um total de 43 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas projetavam manutenção da Selic em 6,50% ao ano.
Ao justificar a decisão, o BC avaliou novamente que “cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas”.
Ao mesmo tempo, o BC afirmou que “a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente”. “O Comitê julga importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo, com menor grau de incerteza e livre dos efeitos dos diversos choques a que foi submetida no ano passado”, informou o colegiado no comunicado. “O Copom considera que esta avaliação demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo. O Comitê ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.”
No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado – que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro, compiladas no relatório Focus -, o BC manteve sua projeção para o IPCA em 2019 em 3,9%. No caso de 2020, a expectativa seguiu em 3,8%.
No cenário de referência, em que o BC utilizou nos cálculos uma Selic fixa a 6,50% e um dólar a R$ 3,85, a projeção para o IPCA em 2019 passou de 3,9% para 4,1%. No caso de 2020, o índice projetado seguiu em 4,0%. As projeções anteriores constaram na ata do encontro de fevereiro do Copom.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC este ano é de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%). Para 2020, a meta é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%).