A Polícia Federal deflagrou nesta quarta (30) operação para desarticular organização suspeita de fraudar a concessão de registros sindicais no Ministério do Trabalho.
Segundo fontes com acesso às investigações, entre os alvos estão os deputados federais Paulinho da Força (SDD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB), cujos partidos controlam a pasta.
A ação, batizada de Registro Espúrio, visa cumprir 64 mandados de busca e apreensão, 8 de prisão preventiva e 15 de prisão temporária, além de outras medidas cautelares.
Por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), estão sendo feitas buscas nos gabinetes dos congressistas e no ministério, em Brasília, além das sedes dos partidos e de centrais sindicais. Paulinho lidera a Força Sindical.
Os deputados não são alvo dos pedidos da prisão, mas dois deles terão de cumprir medidas cautelares alternativas. Os nomes dos alvos são mantidos em sigilo.
Na petição enviada ao STF, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apontou a existência de um esquema criminoso estruturado em cinco núcleos de atuação: administrativo, político, sindical, captador e financeiro.
Ela explicou que pagava-se R$ 4 milhões pela liberação de um único registro sindical. Desde 2017, parte dos integrantes do grupo criminoso responde a uma ação por improbidade administrativa em andamento na Justiça Federal, em Brasília.
Ao menos dez servidores da pasta são investigados, como integrantes do núcleo administrativo. Segundo a procuradora, a eles cabia viabilizar as fraudes, que incluíam o desrespeito à ordem cronológica dos requerimentos e o direcionamento dos resultados dos pedidos.
Já o núcleo político, supostamente formado pelos congressistas e por parlamentares e ex-parlamentares, indicava e mantinha em cargos estratégicos da Secretaria de Relações do Trabalho do ministério os servidores que faziam parte do esquema.
Os integrantes do núcleo sindical, segundo a procuradora, faziam o contato com os funcionários públicos encarregados de operacionalizar as fraudes.
O quarto segmento identificado nas investigações era o captador. Lobistas e advogados faziam a intermediação entre os sindicados interessados em registros com os demais integrantes da organização criminosa.
“O esquema se completava com a atuação do núcleo financeiro que viabilizava os pagamentos (das entidades sindicais para os envolvidos) por meio da simulação de contratos fictícios de trabalho”, informou nesta quarta a Procuradoria-Geral da República.
Os investigados são suspeitos dos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro.
Cerca de 320 policiais federais cumprem as medidas no Distrito Federal, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais.
Fonte: Folha de São Paulo