Você provavelmente já ouviu falar ou fez tratamento utilizando algumas das práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). Mas, afinal, o que são essas práticas? São técnicas que consideram que os desequilíbrios do corpo possuem mais de uma causa e portanto buscam o bem-estar das pessoas através da harmonia entre a mente, o físico, espiritual e as emoções. Os recursos procuram a prevenção de doenças e recuperação da saúde, com ênfase na escuta acolhedora e humanizada.
Os métodos são reconhecidos e regulamentados pelo Ministério da Saúde; são terapias aliadas aos tratamentos médico e psicológico tradicionais e que auxiliam na divulgação do Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado no dia 10 de outubro. “São práticas que nunca devem ser utilizadas como substituição às abordagens médica e psicológica, mas como auxiliares a esses tratamentos”, lembrou a professora da Disciplina Espiritualidade e Saúde do Curso de Medicina da UniFTC, Rosário von Flach, que também é médica, com especializações em Cardiologia Clínica e Psicoterapia.
As PICS foram implantadas em 2006, inicialmente com a oferta de cinco práticas à população. Atualmente, 29 terapias podem ser encontradas na Atenção Básica, “porta de entrada” dos usuários nos Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde aponta que já são mais de dois milhões de atendimentos somente nas Unidades Básicas de Saúde.
Essas práticas devem ser realizadas por profissionais devidamente capacitados, orienta a professora do Colegiado de Psicologia da UNIFTC de Jequié e coordenadora da clínica escola de Psicologia da instituição de ensino superior, Tatiane Tavares Reis. “Cada especialidade exige formação e atualização seguindo as medidas éticas previstas por cada conselho profissional”.
Conheça as práticas
Acupuntura, Biodança, Aromaterapia, Ozonioterapia, Homeopatia, Fitoterapia, Antroposofia, Termalismo, Arteterapia, Dança Circular, Meditação, Ayurveda, Naturopatia, Osteopatia, Musicoterapia, Reiki, Shantala, Reflexoterapia, Quiropraxia, Yoga, Apiterapia, Hipnoterapia, Cromoterapia, Bioenergética, Imposição das mãos, Geoterapia, Constelação Familiar, Terapia Comunitária Integrativa e Terapia de florais.
As práticas complementares são procuradas tanto por pessoas que pretendem evitar o adoecimento, quanto por aqueles que apresentam algum transtorno mental. Muitos buscam prevenir psicopatologias como a depressão, mesmo não tendo diagnóstico da enfermidade, e outros por estarem com depressão, por exemplo, que pode ser uma doença que se manifesta em qualquer fase da vida, independente da idade ou do status social. De acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram desta condição no mundo.
Segundo a Organização Pan Americana de Saúde (Opas), os transtornos mentais se apresentam como uma combinação de emoções, pensamentos, percepções que pode impactar sobre as atividades cerebrais; afetando o humor, o comportamento, o raciocínio e a forma dos indivíduos de comunicarem com as outras pessoas.
Existem estudos que citam a eficácia das PICS no processo de autocuidado do paciente. No tratamento da depressão, a yoga e o Reiki são recomendados por muitos profissionais. A aromaterapia para alguns casos, também tem sido indicada. A terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma prática que tem ganhado destaque no atendimento coletivo para casos de depressão, ansiedade, distúrbios alimentares e do sono.
A meditação tem sido crescentemente indicada com objetivo de reduzir o estresse, bem como oferece alívio aos sintomas depressivos. “Evidências indicam a realização pessoal e satisfação com a vida e, consequentemente a diminuição dos marcadores fisiológicos de quadros de estresse 33, sendo os resultados do efeito benéfico da meditação perceptíveis em exames de neuroimagem e eletroencefalograma”, frisou a médica Rosário von Flach.
De acordo com a professora do Colegiado de Psicologia da UniFTC de Jequié, Tatiane Tavares Reis, as terapias complementares são recursos terapêuticos que podem proporcionar ao paciente a redução dos níveis de estresse e ansiedade. “Mudanças de humor, melhora do sono, relaxamento e sensação de bem-estar, podem ser observados nos clientes que são submetidos a estes cuidados. As terapias complementares são importantes recursos terapêuticos, pois auxiliam na promoção à saúde e prevenção, buscando um cuidado integral do ser humano e de forma holística, a partir da integração entre os conhecimentos da medicina tradicional e não tradicional”, ressaltou.
As terapias complementares são auxiliares importantes no tratamento de diversos transtornos, pois essas práticas compreendem o ser humano enquanto psico-biológico-social-
As PICs são recursos capazes de oferecer benefícios nos diversos aspectos da saúde, desde a prevenção de doenças e até mesmo agravos físicos ou mentais. “Embora estejam implantadas em várias regiões do país, ainda existem pessoas que não conhecem as práticas ou têm dúvidas sobre a eficácia. São estratégias que podem aliviar sintomas e auxiliar no tratamento de pessoas que já estão com algum tipo de enfermidade, como a depressão”, considerou a docente da UniFTC.
Pesquisas demonstram que as práticas corporais da Medicina Tradicional Chinesa podem melhorar a depressão a curto prazo e a médio prazo, além disso, aumentam a qualidade de vida e aperfeiçoam os sintomas de depressão de pacientes com doenças crônicas.
Segundo informações da FioCruz, a prática do Qi Gong sugere um efeito favorável na melhoria da depressão em usuários com sintomas depressivos. Os resultados apresentados em estudos de Tai Chi Chuan são consistentemente positivos na redução da gravidade da depressão. O estudo demonstra que 1 hora em 1 ano deste exercício regularmente aumenta significativamente o bem-estar psicológico, incluindo redução do estresse, depressão e humor em participantes saudáveis e em indivíduos com condições crônicas.
Fonte: Vânia Castro