O dólar fechou em queda ante o real pela segunda sessão seguida nesta sexta-feira, após o Banco Central atuar mais forte no mercado de câmbio e com investidores desmontando posições defensivas, mesmo após os dados mais fracos sobre o mercado de trabalho norte-americano não afastarem a possibilidade de juros mais altos nos Estados Unidos, o que pode afetar o fluxo de capital global.
O dólar recuou 0,18 por cento, a 3,5240 reais na venda, acumulando na semana alta de 1,79 por cento. Essa foi a segunda semana seguida de ganhos, acumulando 3,29 por cento no período.
Na mínima desta sessão, a moeda norte-americana foi a 3,5140 reais e, na máxima, 3,5490 reais. O dólar futuro operava com leve queda de cerca de 0,20 por cento no final da tarde.
“O relatório foi mais fraco, mas… não tira a possibilidade de mais três altas (de juros nos Estados Unidos neste ano)”, afirmou o diretor-geral da gestora Garín Investimentos, Richard Wahba. “Não tem inflação em disparada, mas tem inflação”, acrescentou.
A criação de vagas de emprego nos Estados Unidos ficou abaixo do esperado em abril e a taxa de desemprego caiu para a mínima de quase 17 anos e meio, a 3,9 por cento, uma vez que alguns norte-americanos desempregados deixaram a força de trabalho. O relatório de emprego também mostrou que os salários tiveram apenas leve alta no mês passado.
Antes da divulgação dos números, os juros futuros norte-americanos precificavam duas altas de juros até o final deste ano, mas com chances de uma terceira.
O dólar avançava ante uma cesta de moedas, mas recuava ante parte das divisas de países emergentes, como o rand sul-africano.
Nas últimas semanas, cresceu o temor nos mercados globais de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, possa elevar os juros mais vezes neste ano diante de sinais de melhor desempenho da economia dos Estados Unidos e inflação maior.
Juros elevados no país têm potencial para atrair recursos aplicados hoje em praças financeiras consideradas de maior risco, como a brasileira.
Internamente, a ação mais forte do BC também contribuiu para o movimento mais leve do dólar em comparação a outras moedas. A autoridade monetária entrou no mercado depois de o dólar encostar em 3,55 reais e acumular ganho de 10 por cento nos três meses anteriores.
O BC vendeu pelo segundo dia a oferta integral de até 8.900 mil contratos em swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 890 milhões de dólares do total de 5,650 bilhões de dólares que vence em junho.
Se mantiver e vender esse volume diário até o final do mês, o BC terá colocado 8,455 bilhões de dólares em swaps.