O dólar fechou em alta contra o real pelo sexto pregão consecutivo nesta quarta-feira, puxado pela força da moeda no exterior e por aumento de expectativas de que o Banco Central deixará a porta aberta para mais cortes da Selic.
Os DIs aceleraram as quedas na parte da tarde, enquanto o Ibovespa ampliou os ganhos. Esse padrão de oscilação, segundo operadores, é típico de momentos de intensificação de apostas em mais reduções de juros –que levam a reprecificação no CDI e aumentam a atratividade do mercado de ações como classe de ativos para investimento.
Do lado do câmbio, chances de mais cortes da Selic até o fim do ano corroboram perspectivas de um real ainda pressionado, já que podem estender a queda nos diferenciais de juros entre o Brasil e o mundo. Ou seja, o país passa a oferecer menos retorno apesar de nível de risco (medido pelo CDS) sem queda visível.
“Nosso cenário-base é que o BC deixa a porta aberta sem compromisso explícito de cortar”, disseram analistas do Citi em nota. “O real ainda corre o risco de ter um desempenho pior, embora o corte (desta noite) esteja no preço. O câmbio é prejudicado por seu papel como moeda de financiamento e hedge durante períodos de força do dólar, bem como pelo agravamento da situação de pandemia no Brasil”.
O Comitê de Política Monetária conclui nessa quarta sua reunião e anuncia decisão sobre os juros pouco depois das 18h. A expectativa predominante é de um corte de 0,75 ponto, o que levaria a Selic a patamar recorde de 2,25% ao ano.O Brasil se aproxima da marca de 1 milhão de casos registrados de Covid-19, enquanto muitas cidades e estados têm afrouxado restrições sociais contra a pandemia. O risco de persistência da crise de saúde, na visão de analistas, pode tornar a esperada recuperação econômica mais lenta, prejudicando a atratividade do Brasil como destino para investimentos. No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas apreciava 0,1% no fim da tarde, com queda de divisas emergentes, após o chair do banco central dos EUA, Jerome Powell, voltar a citar pontos de cautela sobre a retomada da economia norte-americana.
Aumento de novos casos de Covid-19 nos EUA e na China e tensões geopolíticas na Ásia alimentaram ao longo do dia demanda por ativos considerados seguros, como o dólar e os títulos do Tesouro norte-americano.
O dólar spot subiu 0,55%, a R$ 5,261 na venda. Em seis sessões, saltou 8,36%.
Na B3, o dólar futuro avançava 0,16%, a R$ 5,2570, às 17h12.