Referência no Brasil e no mundo, o médico oncologista Dráuzio Varella apontou a Bahia como exemplo para o Brasil no combate à pandemia de coronavírus. Na última semana, o estado abandonou o grau de estabilidade nas mortes em decorrência da Covid-19 e passou a registrar queda nos índices. Segundo o especialista, a atuação conjunta de estado e municípios garantiu uma efetividade na diminuição de casos e mortes.
“Estamos diante de uma epidemia grave, que não vai olhar política de ninguém. Vai se disseminar e pegar todas as pessoas que adquirirem o vírus. O que a gente pode fazer juntos é somar esforços. A Bahia tem uma preocupação com a saúde. O governo estadual e o municipal, o secretário de Saúde da Bahia é o mesmo e não há essa troca que destrói a saúde pública brasileira. A Bahia deu exemplo sobre como as autoridades devem se comportar num momento de ameaça à saúde pública”, afirmou Drauzio Varella, durante entrevista a Mário Kertész hoje (3), na Rádio Metrópole.
Segundo o médico, além da negação à ciência, há uma grande dificuldade de se adotar o isolamento social para diminuir os casos de coronavírus no país. Segundo Varella, faltou uma coordenação com autoridades sanitárias. “A gente sempre soube que o Brasil teria muita dificuldade de fazer o isolamento social, preconizado pela OMS e por todos os especialistas na área. Foi isso que os países fizeram. Nós também, só que aqui seria mais difícil. Primeiro, temos uma grande população que vive nas periferias de nossas cidades, para qual é muito difícil fazer o isolamento social. Essa desigualdade social imoral que o Brasil tem impediria que essas pessoas pudessem ficar fechadas em suas casas. Moram em habitações precárias, muita gente vivendo em poucos cômodos e falta de dinheiro. Gente que precisa ganhar para levar alimentos para casa. Isso não tem uma reserva financeira nesse período para ficar duas, três ou quatro semanas isolados em casa”, afirmou Varella.
“Depois tivemos uma discussão que não poderia ter acontecido de jeito nenhum, que foi o governo federal dizendo que o isolamento era inútil, que isso não era uma doença grave, que as pessoas deveriam ir para a rua sem máscara e sem nada. Isso cria uma dúvida na população. Será que precisa mesmo?”, acrescentou o médico.
Fonte Metro1