O 7 de Setembro, oficialmente celebrado como o Dia da Independência do Brasil, é amplamente romantizado e enaltecido em discursos e eventos, especialmente para o público estrangeiro. Entretanto, na Bahia, onde ocorreram batalhas decisivas, a verdadeira história da independência revela um enredo bem menos glamoroso, protagonizado por figuras anônimas. Foi somente um ano após o famoso “Grito do Ipiranga”, em 2 de Julho de 1823, que o Brasil consolidou sua liberdade ao expulsar as últimas tropas portuguesas do território baiano.
Essas tropas portuguesas, ainda agarradas à esperança de retomar o controle do país, focaram sua estratégia no ponto sensível da economia brasileira: a produção de alimentos. “Eles acreditavam que, ao dominar a Bahia, conseguiriam sufocar o país pela fome”, explica o historiador Ricardo Santana. Naquela época, a Bahia abrigava grandes plantações e rebanhos que sustentavam o Brasil.
Enquanto o “Grito do Ipiranga” se tornou um símbolo nacional, amplamente idealizado pelo pintor Pedro Américo, o 2 de Julho, que marca a verdadeira consolidação da independência, acabou sendo relegado a segundo plano no imaginário nacionalista. Segundo Santana, o 7 de Setembro foi mais um acordo institucional reconhecido por outras nações, enquanto a luta em solo baiano foi o verdadeiro confronto pela independência.
Foi na Bahia que heróis sem nome e prestígio, muitos deles pobres, se uniram para expulsar os portugueses. “Diferente do 7 de Setembro, o 2 de Julho celebra a vitória de pessoas anônimas, que só foram resgatadas por investigações históricas, como Filipa de Souza e o Corneteiro Lopes”, destaca Santana.
Recentemente, essa história apagada tem ganhado mais reconhecimento. Durante as celebrações da Independência da Bahia, o presidente Lula (PT) expressou o desejo de estabelecer uma nova data comemorativa que homenageie a resistência contra o imperialismo e ajude a “recontar a história deste país”, trazendo à tona a importância da Bahia no processo de independência do Brasil.
Redação com informações Metro1